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quinta-feira, 18 de março de 2010

O COLÉGIO DO SOITO

O Externato Secundário do Soito, mais conhecido como Colégio, faz quarenta anos de vida.
O edifício, construído entre 1964 e 1965, é propriedade particular e foi construído pelo Sr. João Viegas Nabais, destinado a poder acolher estudantes e ministrar o ensino até ao quinto ano de então, (hoje nono ano de escolaridade).
O promotor, construtor e proprietário da obra, então na força da vida, trabalhou ali como poucos hoje trabalham, transportando o granito, cortando o ferro e mesmo noutras funções próprias de construção civil.
Então, as máquinas eram quase inexistentes e a maioria do ferro foi cortado pousando o ferro numa picareta e martelando com o martelo até espalmar e partir e a maioria do betão foi amassado à força dos braços dos homens, (trabalho hercúleo o de então, não havia betoneiras no Soito).
Sem querer classificar por ordem de utilidade, qualquer investimento de iniciativa particular feito no Soito, certamente que este merece lugar de destaque, não só pela mais-valia cultural que oferece aos habitantes da vila que se quiseram promover na sua própria terra, mas também pela comodidade que proporcionou aos pais dos alunos que o frequentaram nestas quatro décadas, que não necessitaram de “exportar” os seus filhos para outras terras, com todos os inconvenientes que isso acarreta principalmente para os demasiado jovens.
Quarenta anos é meia-idade na vida de um ser humano, mas na vida de uma Instituição tanto pode ser muito como quase nada, por essa mesma época foram construídas pelo concelho e em material pré-fabricado várias escolas que hoje já não existem por falta de alunos.
Nestes quarenta anos de vida por ali passaram milhares de estudantes, tanto do Soito como de outros povos vizinhos, estando muitos deles hoje licenciados e até alguns doutorados.
Tendo iniciado o ensino no período 1965/1966, exactamente no dia 8 de Outubro, com 71 alunos, era seu Director o Dr. José Diamantino dos Santos.
Em 1967/68 foi director o Dr. Manuel Augusto Lousa Nicolau e em 1970 o Padre Carreto, pároco de Aldeia da Ponte, frequentavam o Colégio 100 alunos.
Em 1973, o total de alunos ascendia a 140.
Em 1976/77 foi seu director o nosso actual pároco, Padre António Dias Domingos que exercia ainda as funções de professor de história e religião e moral, o número de alunos subiu a 200 em 1976, descendo para 150 em 1977.
Durante bastantes anos foi seu director o Dr. João Pereira Nabais, filho do proprietário e que a morte há pouco tempo levou.
O percurso deste Estabelecimento de Ensino, nem sempre tem sido fácil devido à flutuação do número de alunos, já que nem todos os pais acham bom aquilo que têm na sua terra e valorizam, quantas vezes erradamente, aquilo que os outros têm.
Hoje, com mais de seis dezenas de alunos, oferece a estes, condições cada vez mais propícias a um bom estudo e professores igualmente qualificados como outros Estabelecimentos do género, pena é que, embora a desertificação da raia seja um facto e os jovens sejam cada vez menos, alguns Soitenses ainda continuem a tentar, por meios e interesses obscuros, classificar negativamente este Colégio.
Os meus dois filhos estudaram neste Colégio e nele obtiveram os conhecimentos possíveis até ao último ano que ele oficialmente estava autorizado a ministrar, se fosse hoje faria o mesmo, temos que valorizar o que é nosso, da nossa terra, e apoiar todos os projectos que de algum modo contribuam para o seu desenvolvimento, o Colégio é um deles!
O Colégio é um bem para o Soito, e se, hipoteticamente um dia o perdermos, talvez lhe demos então o valor que hoje regateamos ou até negamos.

Julho de 2005

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