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sexta-feira, 19 de março de 2010

Primeiros velocípedes

Registos de bicicletas

1942

Nº. 19, em 20 de Maio – João Baptista Carrilho
42 1 de Junho – António dos Santos
80 15 Manuel Jerónimo Cunha
126 2 de Setembro Alberto Gomes de Carvalho
1943
Nº. 42 26 de Janeiro Mário Manso Tolda
79 4 de Fevereiro João Nabais
135 24 Manuel Luís Meirinho
201 13 de Abril Amadeu Pina Pereira

1944
29 15 de Janeiro José Luís Robalo da Paula
João Baptista Carrilho (duas)
1945
64 3 de Janeiro José Joaquim Tolda
222 21 de Maio José Fernandes Oliveira

1948
328 28 de Abril Américo de Oliveira
341 28 de Agosto Jeremias Lopes de Carvalho






1950
447 4 de Abril Manuel Nobre Martins
456 18 Joaquim Rito
464 16 de Agosto José Manuel Rito dos Santos

1951
515 7 de Junho José dos Santos
518 22 José Manuel Antunes Marques

1952
616 17 de Junho Manuel António Antunes Marques
618 3 de Julho Joaquim Narciso Farinha

1953
717 23 de Março António Fernandes Oliveira
827 1 de Abril Dionísio Martins
839 14 Francisco Lopes Pereira
841 20 Jaime Nabais Pereira
1.040 21 de Agosto João José Tolda Martins

1958

1.167 13 de Janeiro Manuel Alves Gomes
1.232 8 de Julho José Gomes Freire de Carvalho

1959
1.329 7 de Maio Manuel Luís Nabais Pereira

1960
1.442 23 de Janeiro António Pinto Monteiro (GNR)
1499 27 de Abril João Augusto Gonçalves Robalo

1965
2.174 4 de Janeiro Horácio dos Reis Correia Augusto

1966
2.458 16 de Agosto Luís Carlos Carrilho Gonçalves

Velocípedes a motor

Nº. 1583 9 de Fevereiro de 1961 José Francisco Duarte (Famel Foguete)
1821 2 de Agosto de 1962 Manuel Lourenço Gonçalves Lavrador
1961 28 de Agosto de 1963 José Morgado Carvalho
1996 23 de Novembro 1963 Manuel Luís Meirinho
2028 6 de Fevereiro de 1964 Manuel Augusto R. Gonçalves
2046 20 de Março de 1964 Francisco Galhano (GNR)
2369 25 de Março de 1966 Horácio Martins
2379 6 de Abril de 1966 Manuel Fogeiro de Carvalho
2386 16 de Abril de 1966 Joaquim Morgado Fernandes
2444 22 de Julho de 1966 João Ventura Pereira

Licenças de carros de bois (ou vacas)

Embora a matricula para os carros de bois se tornasse obrigatória a partir da decisão de Câmara tomada em 1 de Julho de 1929 ao preço de 5$00 cada chapa a fornecer pela autarquia, só mais tarde essa obrigação foi cumprida.
Estes alguns dos primeiros registos de veículos de tracção animal do Soito

1943
Nº. 1.152 – Manuel Alves
1.154 – José Augusto Martins Nicolau
1.174 – Manuel Nunes Dias
1.175 – José Luís Meirinho
1.176 – José de Oliveira
1.177 - João Maria Martins da Teresa
1.180 – Francisco Manuel Rodrigues
1.189 – Manuel José Gonçalves Filipe
1.192 – José Carvalho
1.255 – José Augusto Garcia Nabais
1.261 – Narciso Gonçalves
1.284 - José António Lousa do Corro
1.369 – Manuel Nabais
1.431 – José Nunes Dias
1.437 – João Ramos Carvalho Dias
1.663 – José Martins Corceiro
1.674 – António José Antunes da Teresa
1.689 – Manuel José Garcia de Carvalho
1.794 – Manuel Martins Furriel
1.810 – António José Nunes de Marcos
1.830 – Manuel Nunes Meirinho Carrilho

1944
93 – José António Lousa Mariana
98 – José Inês Oliveira
133 – João Nobre
209 – José Joaquim Carvalhinho
363 – João Fernando Sancho
468 – Manuel Manso
469 – José Augusto Marcos
470 – José Alfredo Manso
540 – José Augusto Carrilho
667 – Francisco Freire
697 – José Nicolau Nabais
717 – Lourenço de Oliveira
754 – João Nunes Dias
769 – José Augusto Martins Nicolau Corceiro
801 – José Augusto Carvalho do Frade
858 – Simão Palinhos
863 – João Antunes Lousa
869 – José Pereira
915 – José Joaquim Lourenço
916 – Carlos Carrilho


922 – João Augusto carvalho
923 – José Ramos Garcia
937 – José Joaquim Agostinho carrilho
938 – Manuel Luís Vaz Furriela
942 – Manuel António Carrilho
943 – João Baptista Carrilho
945 – Manuel Joaquim Antunes
983 – Bernardo Garcia Pereira
987 – António Nunes Meirinho
1.040 – José da Teresa Fogeiro
1.059 – José Antunes
1.067 – José Joaquim Alves
1.076 – António Gonçalves Ferreira
1.105 – Narciso Nascimento Martins Nicolau
1.106 – José Carvalho Júnior
1.113 – José Joaquim Nunes Meirinho
1.114 – Manuel António Garcia Fogeiro
1.118 – José Robalo Santos
1.121 – José Augusto Nabais
1.161 – Manuel Oliveira Sebastião
1.191 – Manuel Soares
1.192 – José Viegas Rito
1.255 – Manuel José Carrilho
1.256 – José Gomes de Carvalho
1.402 – José Augusto Lopes Dora

1945
180 - Manuel Gomes Rito
181 – José Martins Gaião
185 – José Gonçalves Martelo
297 – João Martins Grencho
298 – José Augusto Martins da Teresa Quicho
299 – José Augusto Martins da Teresa Perlouro
300 – José Manuel Oliveira Dias
305 – Óscar Dias
316 – Manuel Manso da Bonita
320 – José Manso Rito da Praça
322 – José Garcia Vaz
323 – João Augusto Dias
324 – Manuel Nobre Martins

1961
4.531 – Manuel Meirinho de Oliveira
4.559 – Manuel Gomes Frade
4.638 – Manuel José Antunes
4.984 – Júlio Pereira da Calva
5.013 – José Augusto Carvalho
5.296 – Vitalina Augusta
5.380 – António Fernandes Fogeiro
5.438 – José Garcia de Carvalho
5.607 – José Pereira Lavrador,
5.608 - José Manuel Viegas de Carvalho
5.609 – José de Matos Garcia
5.612 – José Alves Gomes
5.615 – José Manuel Vaz Lavrador
5.622 – Manuel Joaquim Lopes Dora
5.623 – João Afonso Suzano
5.624 – João Baptista Furriel de Carvalho
5.635 – Virgílio Afonso
5.641 – José Augusto de Carvalho
5.645 – António Manuel Luís
5.646 – José Luís Lourenço Inês
5.647 – Manuel Lourenço Inês
5.659 – Paulino Nabais
5.669 – Manuel Octávio Pereira Dias

Feriado Municipal (Dia de Nossa Senhora dos Prazeres)

Ainda que não reconhecido oficialmente, o dia de segunda-feira da Pascoela, há já séculos que vem sendo comemorado em festa, principalmente no Sabugal, Aldeia Velha e Soito, cujas populações se dirigiam em romaria à Ermida respectiva, estando também encerrados os Paços (Câmara) assim como todo o comércio local.
Em sessão de 3 de Abril de 1836 a Câmara: “acordou que para satisfazer de alguma maneira ao uso antiquíssimo verdadeiramente indispençavel de dar de almoçar ao Capellão que acompanha a Câmara na Romaria que esta faz à Senhora da Graça no Distritto de Sortelha, aonde o ditto Capellão tem de dicer Missa …. ao mismo tempo o vicioso uso deaver ali hum comerette que não satisfazendo aninguem hera bastante gravoso ao Concelho se desse ao mesmo Capellão a quantia de mil e seiscentos reis para que elle de sua conta possa e mande arranjar para si o almoço” era Presidente Manuel Bigotte
Em reunião Camarária de 1 de Maio de 1848, a propósito de segunda-feira de Pascoela: “dia em que esta Câmara vai em Romaria, de Cruz e varas alçadas, com o Parrocho e Povo desta Villa a huma Ermida no Concelho de Sortelha por antiquíssima, continue a Promessa de Nossos antepassados em cuja Capella o dito Parrocho diz Missa dando duas velas de cera esta Câmara à dita Senhora.” Já era Presidente Manuel Proença Coelho
Em 15 de Setembro de 1952 a Câmara decide: “tendo em vista o que desde tempos idos se vem praticando; considerando que a festa da Senhora dos Prazeres é tradicional e está no animo do povo da vila e do Concelho, resolve fazer uma exposição fundamentada a S. Exa. o Ministro do Interior, nos termos da Lei pedindo que se mantenha como dia de Feriado Municipal o dia de Segunda-feira de Pascoela.”
Da acta da sessão da Câmara realizada em 16 de Fevereiro de 1953: era então presidente o Dr. Francisco Maria Manso, extraímos o seguinte texto: A Câmara Municipal do Sabugal, tendo em conta o que dispõe o artigo quarto do Decreto-Lei trinta e oito mil quinhentos e noventa e seis de quatro de Janeiro de 1952; considerando que o dia da Senhora dos Prazeres é desde séculos dia de festa tradicional ligado à vida da própria Câmara; Tendo em vista que já em mil novecentos e quarenta e seis, a Câmara no seu Código de Posturas, por assim o haver reconhecido, oficializou tal dia “como Feriado Municipal” acabando com o feriado de um de Maio por não ser de tradição local… Tendo em vista que é esta a festa tradicional e característica do Sabugal e que a mesma Senhora dos Prazeres continua a celebrar-se com a paralisação total das actividades do povo. Em sua reunião de hoje resolveu solicitar ao Exmo. Ministro do Interior, continue a ser considerado dia de Feriado Municipal este dia de segunda-feira da Senhora dos Prazeres.
Por estas palavras facilmente se depreende que este dia já há muito que vem sendo considerado feriado municipal.
Logo de seguida, em 19 de Março de 1953, damos conta do seguinte texto: “ em virtude de um ofício do Senhor Governador Civil, a câmara manda se oficie: As festas tradicionais e características que em segunda-feira de Pascoela se realizam neste concelho datam de tempos imemoriais. Tinha a Câmara do Sabugal, obrigação de ir à Senhora da Graça todos os anos na segunda-feira da Pascoela, dia em que se celebra uma festividade a que cada família é obrigada a fazer-se representar por pelo menos uma pessoa. A Câmara fazia a festa e era obrigada, todos os anos, a deslocar-se ao local processionalmente com o povo, com os vereadores, empregados, administrador do concelho e autoridades, levando o secretário a respectiva bandeira, Consta a festa numa procissão em romaria ao local, romaria que teve a sua origem num voto por causa de uma grande epidemia.”
O feriado Municipal foi definitivamente restaurado em 1962, era Presidente da Câmara o Dr. José Diamantino dos Santos: tendo em conta que, e citamos: “já em 1946 o artigo quinto do Código de Posturas estabelece feriado Municipal o dia de segunda-feira de Pascoela e que até 1855, a Câmara de Sortelha se deslocava até meio da Ponte do Sabugal onde depois da cerimónia de saudações à Câmara e povo do Sabugal se dirigiam todos em procissão à capela da Senhora dos Prazeres na Ermida que então pertencia a Sortelha e hoje é propriedade municipal.” e “solicita ao Ministro do Interior que o dia de Segunda-feira de Pascoela ou da Senhora dos Prazeres, volte a ser feriado Municipal no concelho do Sabugal atendendo a que sem distinção de credos todas as famílias ou seus representantes se deslocam em romagem à Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres especialmente em Sabugal, Aldeia Velha e Souto”.
A origem desta festa, que terá começado como romaria, perde-se na obscuridade da história, mas a tradição mantêm-se e certamente que continuará a devoção à Senhora dos Prazeres, ou Senhora da Graça, seja do Sabugal, de Aldeia Velha, do Soito ou de qualquer outro povo.

Caçadores

Em 1913 e num total de 256 caçadores licenciados no concelho, 17 eram ou residiam no Soito:
José Augusto Garcia, professor com o número 10,
Manuel Fernandes Monteiro Júnior, barbeiro 14,
Raul Lopes, barbeiro 15,
Júlio Martinó, professor de musica 23
António Joaquim Martins, jornaleiro 25
João António Ambrózio, alfaiate 26
Diogo Lopes, proprietário 27
José Carvalho, proprietário 65
Manuel António Mano, pedreiro 96
Miguel Maria Robalo, proprietário 97
Alfredo Viriato Lopes, estudante 105
José Joaquim Tolda, negociante 169
José Alfredo da Fonseca Garcia, proprietário 175
Manuel Nabaes, taberneiro 193
Manuel José Lopes, 50 anos, natural de Vale de Espinho, proprietário 233
Manuel José Lopes, 24 aos, natural do Soito, proprietário 234
Manuel Meirinho, lavrador 244

Lista dos nomes e números das licenças requeridas em 1930
Alberto Gomes de Carvalho 31.413
José Gomes de Carvalho 31.414
José Manuel Lopes 31.415
Manuel António Gonçalves Garrido 31.416
José Joaquim Gonçalves Garrido 31.417
João António Ambrósio 31.421
Simão Palinhos 31.422
António Manuel Luís 31.443
Iluminado Lopes 31.474
José Joaquim Carrilho 31.510
José Garcia da Fonseca 31.511
Manuel José Garcia 31.519
José Carvalho 31.520
José Carvalho Jorge 31.521
José Augusto Garcia 31.531
Manuel Carvalho 31.546
João Maria Carlos Alberto Carrilho 31.549
Manuel Nabais 31.570
Diogo Lopes 31.694
Narciso Nunes Meirinho 38.669

Em 1931/32 e 1932/33 foram requeridas mais as seguintes:

José Joaquim Tolda
António Joaquim Ramos
José Luís Tolda
João Miguel Martins
Francisco Freire
António Luís Gata Gonçalves

Entre 1933 e 1934
José Manuel dos Santos Monteiro
Porfírio Pinto
Dr. António Manuel Garcia da Fonseca
Jeremias Martins Garcia
José Alfredo da Fonseca Garcia
Miguel Martins Monteiro
Júlio Garcia da Fonseca
Rui Manuel Garcia da Fonseca
Amândio Martins Carrilho
Arnaldo Carrilho
Domingos Dias
José Gonçalves Martelo

EMIGRAÇÃO

Alguns anos após a segunda grande guerra deu-se início ao êxodo de muitos dos jovens mais válidos do Soito, principalmente para o Brasil, Argentina e depois para Angola, Moçambique, França e outros países da Europa ou de outros Continentes
A miséria, em alguns casos extrema, que se vivia um pouco por todo o país, levou a que os nossos jovens abalassem em busca de melhor vida, já que aqui na terra onde nasceram, eram explorados e usados praticamente como escravos pelos proprietários mais abastados salvo raras excepções.
Como demonstração da exploração e usura então comuns posso dizer que aquando das sementeiras, por volta de Abril ou Maio, as dispensas dos pobres ficavam vazias sendo obrigados a pedir emprestados alguns produtos de primeira necessidade como centeio, feijão ou batata, operação que resultava em juros de mais de 200 por cento já que na hora da colheita, passados apenas 4 ou 5 meses, eram obrigados a devolver em dobro.
Também gravoso para os pobres era o facto de eles terem que trabalhar a terra e ficarem apenas com um terço, um quarto e até em certos casos um quinto da colheita o que os impossibilitava de viver condignamente.
Apesar destes costumes serem habituais e o facto de serem postos em prática pela maioria dos proprietários, também havia quem emprestasse por bondade e não exigisse mais do que o que havia emprestado, caso do “Ti Zé Agostinho “
Entre 1950 e 1960, o Brasil foi o destino de largas dezenas, mas pouco depois deu-se como que uma debandada a caminho da França, quase todos de forma ilegal já que era a única forma de se poder emigrar principalmente daqueles que se encontravam em idade próxima do serviço militar.
Foram muitos, aqueles que palmilharam todo o caminho a pé demorando semanas até transporem os Pirinéus e muitos também aqueles que caindo nas malhas da polícia passaram alguns dias atrás das grades.
Os nossos emigrantes foram bem aceites em França e noutros países europeus que começavam a sua reconstrução, porque esses países necessitavam de mão-de-obra ainda que não qualificada para que as obras se levantassem.
Só em França, neste momento, há mais filhos desta terra do aqui no berço onde nasceram, eles ou os seus pais, daí que, em quarenta anos, tenhamos perdido mais de setenta por cento da população activa.
Há Soitenses um pouco por todo o Mundo, onde já criaram os seus filhos e netos, muitos dos quais acabarão inevitavelmente por esquecer as suas raízes.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Em memória de...

Completaram-se em 30 de Novembro, 12 anos sobre o fatal e inesperado desaparecimento de um grande Soitense.
Nessa manhã de Inverno, num trágico acidente de viação, falecia o Engenheiro Manuel Augusto Engrácia Carrilho e terminava assim uma carreira profissional e social difícil de igualar.
Nasceu no Soito em 27 de Setembro de 1916, onde completou o ensino primário, mas cedo o destino o chamou a Viseu, sua segunda terra, onde fixou residência, casou e teve sete filhos, todos licenciados, entre os quais o Professor e filósofo Manuel Maria Carrilho que foi Ministro da Cultura e com tal estatuto visitara o Soito em 8 de Agosto de 1999...
Visitava frequentemente a sua terra, onde carinhosamente era tratado por Sr. Manuelzinho e onde possuía uma quinta, no bucolismo dos campos, para ali descansar e esquecer por algum tempo, a vida acelerada da cidade.
Após os estudos preparatórios ingressou no Instituto Superior de Agronomia onde se formaria em Engenheiro Agrónomo.
Em 1948 passou a fazer parte da Junta de Colonização Interna e como Delegado em Viseu foi um dos grandes impulsionadores da criação da Colónia Agrícola Martim-Rei, situada nos terrenos entre o Sabugal e Quadrazais e na qual se instalaram algumas dezenas de famílias, numa época em que a produção agrícola era a maior riqueza do país.
Foi nomeado Delegado do Governo junto da Federação dos Vitivinicultores da Região do Dão e foi Deputado à Assembleia Nacional.
Em 20 de Julho de 1957 é eleito Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Viseu, uma das mais importantes do país, até 1974, e, ali desenvolveu uma actividade digna e virada para o futuro, modernizando e construindo equipamentos sociais de que Viseu se pode orgulhar.
Em 1964 havia sido nomeado Governador Civil de Viseu, lugar que ocupou até 1971 e, nesse mesmo ano, é nomeado o primeiro Presidente da Comissão de Planeamento da Região Centro, actual Comissão de Coordenação Regional.
Em 1981 é de novo eleito Provedor da Misericórdia de Viseu, onde continuou a obra deixada.
Como cidadão querido da cidade de Viriato foi ainda Presidente da Câmara desde 1986 a 1989.
Pelos serviços prestados e em sinal de reconhecimento, foi-lhe atribuído o grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo e em 1971 foi agraciado com a Medalha de Ouro da Cidade de Viseu.
Em 1992, ano da sua morte ainda pertencia aos órgãos sociais da TVI, da Direcção da União das Misericórdias e do Conselho Nacional da Universidade Católica.
O título póstumo foi-lhe concedida a Comenda da Ordem de Mérito, a Grã-Cruz da União da Misericórdias e o Viriato de Ouro, a mais alta condecoração da Câmara e Assembleia Municipal de Viseu.
No Soito, em 8 de Agosto de 1999, e com a presença do Dr. Manuel Maria Carrilho e em memória de seu pai, foi dado o nome do Engenheiro Engrácia Carrilho à Praça onde existiu a casa de seus pais e onde terá nascido.
Que descanse em paz e que outros em vida lhe sigam o exemplo de homem íntegro e afável para bem do Soito e do Pais.
2004

O COLÉGIO DO SOITO

O Externato Secundário do Soito, mais conhecido como Colégio, faz quarenta anos de vida.
O edifício, construído entre 1964 e 1965, é propriedade particular e foi construído pelo Sr. João Viegas Nabais, destinado a poder acolher estudantes e ministrar o ensino até ao quinto ano de então, (hoje nono ano de escolaridade).
O promotor, construtor e proprietário da obra, então na força da vida, trabalhou ali como poucos hoje trabalham, transportando o granito, cortando o ferro e mesmo noutras funções próprias de construção civil.
Então, as máquinas eram quase inexistentes e a maioria do ferro foi cortado pousando o ferro numa picareta e martelando com o martelo até espalmar e partir e a maioria do betão foi amassado à força dos braços dos homens, (trabalho hercúleo o de então, não havia betoneiras no Soito).
Sem querer classificar por ordem de utilidade, qualquer investimento de iniciativa particular feito no Soito, certamente que este merece lugar de destaque, não só pela mais-valia cultural que oferece aos habitantes da vila que se quiseram promover na sua própria terra, mas também pela comodidade que proporcionou aos pais dos alunos que o frequentaram nestas quatro décadas, que não necessitaram de “exportar” os seus filhos para outras terras, com todos os inconvenientes que isso acarreta principalmente para os demasiado jovens.
Quarenta anos é meia-idade na vida de um ser humano, mas na vida de uma Instituição tanto pode ser muito como quase nada, por essa mesma época foram construídas pelo concelho e em material pré-fabricado várias escolas que hoje já não existem por falta de alunos.
Nestes quarenta anos de vida por ali passaram milhares de estudantes, tanto do Soito como de outros povos vizinhos, estando muitos deles hoje licenciados e até alguns doutorados.
Tendo iniciado o ensino no período 1965/1966, exactamente no dia 8 de Outubro, com 71 alunos, era seu Director o Dr. José Diamantino dos Santos.
Em 1967/68 foi director o Dr. Manuel Augusto Lousa Nicolau e em 1970 o Padre Carreto, pároco de Aldeia da Ponte, frequentavam o Colégio 100 alunos.
Em 1973, o total de alunos ascendia a 140.
Em 1976/77 foi seu director o nosso actual pároco, Padre António Dias Domingos que exercia ainda as funções de professor de história e religião e moral, o número de alunos subiu a 200 em 1976, descendo para 150 em 1977.
Durante bastantes anos foi seu director o Dr. João Pereira Nabais, filho do proprietário e que a morte há pouco tempo levou.
O percurso deste Estabelecimento de Ensino, nem sempre tem sido fácil devido à flutuação do número de alunos, já que nem todos os pais acham bom aquilo que têm na sua terra e valorizam, quantas vezes erradamente, aquilo que os outros têm.
Hoje, com mais de seis dezenas de alunos, oferece a estes, condições cada vez mais propícias a um bom estudo e professores igualmente qualificados como outros Estabelecimentos do género, pena é que, embora a desertificação da raia seja um facto e os jovens sejam cada vez menos, alguns Soitenses ainda continuem a tentar, por meios e interesses obscuros, classificar negativamente este Colégio.
Os meus dois filhos estudaram neste Colégio e nele obtiveram os conhecimentos possíveis até ao último ano que ele oficialmente estava autorizado a ministrar, se fosse hoje faria o mesmo, temos que valorizar o que é nosso, da nossa terra, e apoiar todos os projectos que de algum modo contribuam para o seu desenvolvimento, o Colégio é um deles!
O Colégio é um bem para o Soito, e se, hipoteticamente um dia o perdermos, talvez lhe demos então o valor que hoje regateamos ou até negamos.

Julho de 2005

Soito (Alguns dados do século XVII)

Soito - Alguns dados do século XVII
Segundo os livros de assentos onde os registos de casamentos foram lavrados desde 1623 até 1690, aconteceram no Soito 326 casamentos, número do qual resulta uma média de cerca de 5 casamentos por ano.
Os anos em que aconteceram mais matrimónios foram o de 1648 com 12 e os de 1688 e 1690 com 11 cada, 1625 e 1685 quedaram-se pelos 10 cada um.
Os casamentos, com ou sem bênçãos matrimoniais, eram celebrados principalmente ao Domingo estando presente a maior parte do povo e os “Juízes do povo” que serviam como testemunhas.
Em 1625 eram juízes do povo: António Gomes, Domingos Antunes e Belchior Alvez o Necho, em 1630 faziam parte da nova comissão de juízes, Francisco Nunes, Domingos Gonçalvez, ferreiro e o mesmo Belchior Alvez que vinha da anterior.
Em 1631 as testemunhas eram António Gomes e seu filho Domingos Gomes, (clérigo de epistola) que seria Cura do Soito entre 1635 e 1638, Domingos Lourenço e António Nabais, juízes da nova comissão e Belchior Alvez.
A referência à identificação dos pais dos nubentes só aparece em 1650 e como testemunhas mais tarde chamadas padrinhos, em todo este espaço histórico, só podiam ser os homens muito embora as mulheres viessem já a ser madrinhas de baptismo desde tempos anteriores.
Quanto a baptismos foram realizados 983 entre 1631 e 1690 e ainda que haja anos em falta por deterioração dos livros, a média de 16 por ano é já um bom índice do movimento e da população deste povo.
De 8 de Abril de 1664, (tempo áureo do capitão Tolda) chega-nos o seguinte registo de casamento: … recebi a Francisco Gonçalves filho de Anna Gonçalves e a Maria Gonçalves, forão padrinhos digo testemunhas o Tenente Fortes, o Tenente Francisco Gonçalves e o Capitão Diogo Martins Amaral.
Lembramos ainda um outro registo de casamento: Aos dois dias de mês de Agosto de mil seis centos e outenta annos recebeo em face de igreja o Reverendo Domingos de Faria vigário deste lugar a Balthazar da Costa Pachequo filho de António Costa Pachequo e de sua molher Silia Craveira naturais da Villa de Linhares Bispado de Coimbra com Dona Lianor filha de Diogo Martins de Amaral e de sua molher Dona Maria Martins naturais deste Lugar do Souto foram testemunhas Francisco Luís e Domingos Vaz e António Martins todos moradores deste Lugar de Souto por ser verdade assino Domingos Mansso.
Dona Leonor foi baptizada em 1656:
Aos vinte e sete dias do mês de Julho deste presente anno de mil seis centos e cincoenta e seis eu opadre Domingos de faria cura deste Lugar de Souto Baptizei a Leonor filha do Tenente Diogo Martins e de sua molher Maria Martins, forão padrinhos o Reverendo de Quadrazais João Antunes e Maria de Amaral irmã do Tenente pay da baptizada e por verdade assiney…
Foi o primeiro baptizado que este Padre efectuou no Soito.
O Capitão “Tolda” à época ainda Tenente, tinha pelo menos dois irmãos: esta Maria de Amaral e Affonso Martins de Amaral, ela casou em 7 de Maio de 1657 com João Esteves tendo por testemunhas o Padre Domingos e Diogo Martins de Amaral seu irmão todos deste Lugar do Souto e ele, Affonso, casou no dia 6 de Janeiro de 1659 com Catharina Moreira que veio do Lugar da Mouta.
Entre outros possíveis, houve neste século alguns padres naturais do Soito, entre eles contam-se António Vaz, Domingos Gomes, Domingos Manso e Francisco Martins.
Jan. 2006

José Fernandes Farinha

(Cavaleiro da Ordem Torre e Espada)
“Não louves homem algum antes da morte” (Eclesiástico XI, 28)
Na verdade não há heróis vivos e alguns daqueles a quem a posteridade atribuiu esse estatuto, foram, em vida, quase desprezados ou simplesmente ignorados senão mesmo maltratados pelos seus contemporâneos, outros, como o cidadão de que vamos falar, foi louvado em vida mas de modo efémero, pois, algum tempo passado, foi ignorado como ignorado o seu feito.
Vem este preâmbulo a propósito de José Fernandes Farinha, nascido no Soito, em casa humilde, no dia 17 de Agosto de 1850, filho de José Fernandes Farinha e de Luísa Antunes.
Casou em 14 de Outubro de 1876 com Maria Rodrigues e foram padrinhos de casamento seu irmão Manuel Fernandes Farinha, sapateiro e sua mulher Maria Nunes Ambrósio, fiadeira.
Tinha ainda outra irmã, Maria Fernandes Farinha, que fora Ama permanente desde 1889 até 1912, conforme consta nos livros de registo de expostos e que casou com Joaquim Fernandes Monteiro em 20 de Setembro de 1882 falecendo a 5 de Novembro de 1915 (sete dias antes dele) deixando uma filha.
Não tinha profissão específica o nosso herói, era jornaleiro, mas digno, correcto e leal.
O seu acto de coragem, que abaixo transcrevemos, valeu-lhe uma distinção honorifica por parte do Rei D. Luís Primeiro através de Decreto datado de 7 de Junho de 1877 e que consistiu na sua nomeação como Cavaleiro da antiga e muito nobre Ordem da Torre e Espada, valor, lealdade e mérito.
A medalha foi-lhe “pregada no peito” no dia 26 de Junho de 1877, em plena Sessão Extraordinária da Câmara, convocada para o efeito por portaria de 15 de Junho, sendo-lhe entregue o respectivo Diploma na “presença do Senhor Administrador, Juiz de Direito, Delegado do Procurador Régio, quase todo o funcionalismo público, o Fiscal da Alfandega encarregado do posto do Sabugal com grande número de empregados sob o seu comando, toda a força militar estacionada nesta Vila e alguns cavalheiros desta Vila e concelho, que quiseram mostrar assim quanto foi justo o procedimento de Sua Majestade” era Presidente da Câmara o Doutor António Justino Bigotte.
Os feitos que originaram esta distinção e segundo o relato escrito, consistiram na defesa, com risco da própria vida, de nove guardas da alfândega, que acolheu em sua casa, perseguidos por um grupo de cidadãos de Quadrazais.
Eis um fragmento do texto da acta de sessão da Câmara desse dia 26 de Junho: “A Câmara Municipal do concelho do Sabugal, tendo no mais alto apreço os actos de devoção cívica e admirável coragem praticados por José Fernandes Farinha, do Souto, freguesia deste concelho do Sabugal em a tarde de 23 de Abril último e os sentimentos humanitários de que o mesmo deu prova nesse terrível dia, salvando com risco da própria existência as vidas de nove guardas d’Alfandega brutalmente perseguidos por um bando de malfeitores de Quadrazais, honra aquele benemérito cidadão por seu extremado valor e abnegação e felicita-o pelas merecidas honras que Sua Majestade se dignou conferir-lhe por Decreto de 7 de Junho corrente”
Foi ainda Tesoureiro da Santa Casa da Misericórdia no período 1879/1880 em que a receita foi de 131.250 reis e a despesa de 92.750, havendo um saldo positivo de 38.500 reis.
Foi ainda Provedor em 1880/1881.
Morreu praticamente na miséria ás 4 horas da manhã do dia 12 de Novembro de 1915 na loja da casa de residência de Manuel Alves.
Tinha 64 anos, era viúvo e não deixou filhos conforme se pode ler no registo de óbito escrito pelo padre António Francisco Gonçalves.
E assim morreu um homem que fora herói por tão pouco tempo.

E que é feito da medalha? Que hoje podia fazer história!!!

Jan. 2005

Uma questão de direito.

Quando se torna efectiva uma promoção, é por hábito ou obrigação, acompanhada de uma mais-valia, seja monetária ou de simples privilégio, mas no caso do Soito, a promoção a vila não trouxe nada de válido ou visível, pelo contrário, parece que foi o nascer de uma campanha destinada a remeter o povo a um estatuto de menoridade que nunca teve.
Há quase 10 meses que a população do Soito, (aldeia promovida a vila há mais de cinco anos) está sem médico de família, estando assim privada de um direito que lhe assiste como a qualquer outra, seja ela deste interior ignorado como da cidade mais populosa e conhecida.
Não pretendo apontar responsáveis directos (embora acredite que os haja) e muito menos culpabilizar o Director do Centro de Saúde do Sabugal pelo acontecido, (sem ovos não podem ser feitas omoletas), no entanto há culpados e têm que ser responsabilizados pela violação da lei e discriminação do povo, pois não está a ser cumprido aquilo que a Constituição decreta e que é valido para todos os cidadãos sem excepção.
Diz o artigo 64 que: “todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover,” e a alínea a) do número 4 do mesmo artigo diz que: “ao estado incumbe: garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados de medicina preventiva, curativa e de reabilitação”, mais, o artigo 1º. Da Declaração Universal dos Direito do Homem, de que Portugal é signatário, afirma que: “ todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”.
Ora, perante esta situação somos obrigados a concluir que há iguais e desiguais e que os doentes do Soito estão a ser considerados desiguais, já que os serviços médicos que lhe são prestados, pecam por serem insuficientes e diferentes para pior.
Pedir um médico de família para o Soito, não é um acto de favor, é reclamar um direito que foi adquirido há já algumas décadas e do qual está a ser privado embora o povo continue a cumprir as suas obrigações fiscais.
A falta de médicos não é desculpa justificativa que possa ser aceite, já que o país tem, segundo as estatísticas, médicos em número suficiente em razão dos habitantes, acontece que, devido a incompetência ou a má-fé, as entidades tutelares superiores, cedem aos “lobis” instalados em prejuízo do povo que os sustenta e adiam decisões que deviam ser tomadas em tempo real.
Se o SNS é um modelo antiquado, obsoleto e incapaz de responder às necessidades do povo, porque não fazer uma reforma de fundo, doa a quem doer? De quem têm medo os governos, não só o último mas também outros anteriores, já que o mal vem de longe?
Se os nossos políticos são tão habilidosos a copiar ou importar as leis e os procedimentos estranhos que lhes convêm, porque não copiam o que de bom se faz lá fora no aspecto da assistência médica?
Mal vamos neste país, quando é o próprio Estado que se furta aos deveres assumidos para com os cidadãos, está a dar mau exemplo e a convidar outros a segui-lo.
Que faria o Estado aos habitantes de um povo, se estes não cumprissem as suas obrigações fiscais para com ele? Certamente usaria a cobrança coerciva. Então e quando é ele, o Estado, a não cumprir as suas obrigações, quem lhe pede contas?
Que se cuidem outros povos, deste e doutros concelhos, pois pelo caminho que isto leva, o mais certo é serem centralizados nas sedes de concelho todos os serviços médicos e extinguir os postos de saúde das aldeias. Veremos!
Março de 2005

O nosso concelho no século XIX

Em 1822 os povos que compunham o concelho eram os seguintes e pagavam de derrama do Souto do Concelho os valores que se seguem: Ozendo; 2.200 reis, Quadrazais; 18.000 reis, Vale de Espinho; 5.000, Foios; 1.000, Aldeia do Bispo; 4.400, Lageosa; 4.400, Souto; 8.000, Nave; 4.300, Aldeia da Dona; 1.000, Valongo; 1.000, Ruivos; 1.000, Ruvina 1.000, Vale das Éguas; 1.000, Vila Boa 3.900, e Rendo 5.000.
Em 1832 a Câmara emitiu uma relação das contribuições em géneros, atribuída a cada povo e a entregar no Celeiro Municipal: Sabugal 25 alqueires, Soito 38, Quadrazais 32, Vale de Espinho 25, Aldeia do Bispo 25, Foios 10, Lageosa 32, Aldeia Velha 25, Nave 27, Vila Boa 23, Rendo 32, Ruvina 15, Ruivos 12, Raza 12, Aldeia da Dona 12, Valongo 12, Vale das Éguas 15, Ozendo 15 e Torre 10.
Num mapa de 1836 podemos ver as freguesias com os respectivos fogos; Sabugal e Torre 218, Quadrazais e Ozendo 318, Val d’Espinho 181, Foios 60, Aldeia do Bispo116, Lageosa 135, Aldeia Velha 156, Soito 230, Nave e Aldeia da Dona 163, Vila Boa 126, Ruvina 34, Rendo 155, Touro 260, Rapoula 63 e Quintas 80.
Até 1836, o concelho limitava-se ás freguesias (civis) de Sabugal, Rendo, Vila Boa, Nave, Soito, Quadrazais, Vale de Espinho, Ruvina, Ruivos, Rapoula e Quintas.
Foi neste ano que o concelho de Vila do Touro foi anexado ao Sabugal.
O século XIX foi confuso no aspecto administrativo: concelhos extintos, anexados a outros e de novo reorganizados.
O mesmo Decreto de 6 de Novembro de 1836 que integrou o Concelho de Vila do Touro no do Sabugal; extinguia também o de Alfaiates e anexava-o ao de Vilar Maior, que ficou composto pelas seguintes freguesias; Malhada Sorda, Nave de Haver, Aldeia da Ponte, Forcalhos, Alfaiates, Rebolosa, Aldeia da Ribeira, Bismula, Vale das Éguas, Seixo do Côa, Badamalos e Vilar Maior.
Em 1850 era 15 as freguesias que compunham o termo do Sabugal; Sabugal, Quadrazais, Vale de Espinho, Foios, Aldeia do Bispo, Lageosa, Aldeia Velha, Soito, Nave, Vila Boa, Rendo, Ruvina, Rapoula, Touro e Quintas.
Dezanove anos depois (24 de Outubro de 1855) os concelhos de Vilar Maior, Sortelha e Castelo Mendo, são anexados ao Sabugal elevando para 57 o número de freguesias, incluindo já Pousafoles que em tempos pertencera à Guarda.
As freguesias de Malcata e Urgueira já haviam sido desanexadas do concelho de Sortelha em 1851, mas embora a Câmara do Sabugal tivesse tomado posse destas duas freguesias em 30 de Dezembro do dito ano, (nas praças públicas respectivas) o processo desenvolveu-se com algum atraso devido à oposição da Câmara de Sortelha e dos respectivos regedores mas acabou por ser levado a cabo no ano seguinte.
Os extensos domínios do Sabugal duraram apenas alguns anos, já que em 7 de Dezembro de 1870 e 1 de Março de 1883 foram desanexadas do Sabugal e absorvidas por Almeida, todas as freguesias que pertenceram a Castelo Mendo à excepção de Cerdeira, Miuzela, Porto de Ovelha e Parada, freguesias que em 12 de Julho de 1895 passaram também para Almeida, à excepção da Cerdeira, reduzindo assim para 39 o número de freguesias até à criação da freguesia do Baraçal em 18 de Maio de1904, passando a 40, número que ainda hoje se mantém.
Segundo as contas de 1855, a freguesia que pagava maior derrama era Quadrazais; de Junho a Dezembro o valor ascendeu a 166.127 reis, seguia-se o Soito com 132.203. Touro com 120.815 e Sabugal com 119.339. Destes valores, cerca de 80% eram destinados a despesas com os expostos e o restante era considerado derrama Municipal.
No ano económico que compreendia Julho de 1858 a Junho de 1859: Quadrazais pagava 238.400 reis, o Soito 187.344 e o Sabugal 171.052.

Dossier: Freguesias

Tenho lido com atenção os textos sobre cada uma das freguesias do concelho que o Cinco Quinas em boa hora quis dar a conhecer, pena é que alguns, a maioria, pequem por ausência de factos históricos que são fundamentais para um conhecimento mais aprofundado dos povos.
Porque entendo que face a outros, o texto sobre o Soito está incompleto, gostaria de dar a conhecer um pouco mais sobre o seu passado.
Em primeiro lugar e quando se fala da menoridade de alguns povos e a propósito dos forais dados ao Sabugal é importante saber que os privilégios por eles outorgados eram extensivos ao termo, logo a todas as povoações de que era composto e não só à sede de concelho.
A paróquia de Sancta Maria do Souto que só em finais do século XVII passaria a ter por Padroeira Nossa Senhora da Conceição, já em 1321 fazia parte da lista das Igrejas de Riba-Côa incluídas no Bispado de Ciudad Rodrigo e em 3 de Junho de 1359 é taxada em 10 libras pelos juízes exactores reunidos na Guarda.
Ao contrário da versão tida como verdadeira de que o Soito era no principio do século XVIII, um simples lugarejo com 36 moradores (um terço da população atribuída a alguns povos vizinhos) posso afirmar que por volta de 1700 foram feitos no Soito muito mais registos de baptismos do que em qualquer outro lugar à excepção de Quadrazais que se equiparava.
Em cinco anos; 1700/1704, realizaram-se 182 baptismos o que significa mais de 36 por ano, número desajustado aos dados atribuídos.
Segundo o Cadastro de 1527, o Soito era o principal lugar do termo com 160 moradores num total concelhio de 1.027.
Em 1640, em Memórias da Academia de Ciências, pode ver-se um mapa onde o Soito consta ao lado de Alfaiates, Castelo Bom, Castelo Melhor, Alijó, etc.
Também em 1758 o Soito com 220 fogos, só era ultrapassado pelo Sabugal que com duas freguesias, Santa Maria e São João, tinha 248 fogos, seguia-se Quadrazais com 190.
Em 1798 segundo o Censo de Pina Manique tinha 243, o Sabugal 264 e Quadrazais, com Ozendo, 293.
Em 1940 o Soito, como lugar, ocupava a quarta posição a nível distrital com 2.439 habitantes atrás da Sé da Guarda com 3.900, Vila Nova de Foscôa com 3.226 e São Vicente (Guarda) com 2.656, o Sabugal tinha 2.287 e Quadrazais 1.760.
Embora não haja património histórico que o ateste, podemos ler em Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas de A. De Almeida Fernandes, que o Soito (Sotto) já era uma Civitas Transcudani no século VII, de salientar que Sotto, era no século XVII Soutto, depois Souto e actualmente é mais conhecido como Soito.
Teve, segundo diz o Padre Hipólito Tavares, nas Memórias Paroquiais de 1758; “um forte muito antigo, mas no presente todo demolido” .
O Soito foi também a primeira povoação do concelho que não era nem foi sede de concelho, a ter criada uma Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, com capela própria que já no século XVII recebia os corpos de alguns irmãos que ali eram sepultados e tinha já em 1886 depósitos na Junta de Crédito Publico no valor de mais de 3.000.000 de reis e um vasto património legado pelo casal Baltazar da Costa, capitão de cavalos natural de Linhares e que casou no Soito com D. Leonor, filha do Capitão Tolda e que em resultado dos méritos de seu pai foi distinguida com o ábito de Cristo e cem mil reis de tença. Este casal viveu em finais do século XVII princípios do século XVIII

No 5º Aniversário da elevação do Soito a Vila

Estareis certamente a pensar: que tem este para nos dizer acerca do Soito, se nem sequer aqui nasceu?
A verdade é que embora pouco, sei mais da história do Soito, do que da minha própria terra.
Também sei, que numa terra como o Soito, que tem centenas de licenciados, dezenas de mestres e alguns doutores, não seria eu, que, do ponto de vista estatístico faço parte do número de ignorantes deste país, a pessoa mais indicada, para dizer algumas palavras acerca do passado desta terra, no entanto, e porque me foi sugerido pelo Sr. Presidente da Junta de Freguesia, não quis deixar de prestar o meu humilde contributo, esperando que ele sirva para esclarecer algumas imprecisões históricas.


O passado do Soito começou a interessar-me desde há cerca de dez anos: havia fragmentos da sua história, totalmente contraditórios com outros e que me custavam a aceitar, daí ter começado esta busca, quase por brincadeira.

Não sou historiador, sou amigo de saber, e é essa vontade de saber que me tem levado até aos arquivos e a outras fontes de informação, sabendo que a história nunca está completa, há sempre novos dados a acrescentar e erros a corrigir enquanto houver quem queira ir mais além, à busca dum passado que existe, embora nos pareça obscuro.
Sei, que em parte de muitos Soitenses, há um sentimento de menoridade histórica e territorial, que teria sido erradamente transmitido, por quem não aprofundou a investigação do passado desta terra.
As datas, os números e os factos que vos passo a transmitir, são credíveis, têm bases documentais que tenho em meu poder, e delas posso ceder cópias a quem estiver interessado.

Sabe-se que a região de Riba Côa, só passou para a soberania portuguesa em 1297 através do Tratado de Alcanizes, mas também é certo que no domínio espiritual continuou a ser dependente do Bispado de Cidade Rodrigo até 1403, altura em que o Bispo de Lamego, D. João de Vicente, conseguiu a desanexação, confirmada por bula do Papa Bonifácio IX e datada de 5 de Julho.
Em 1321, vão passados quase 700 anos, já o Soito constava na lista das Igrejas do termo do Sabugal e em 3 de Junho de 1359, os juízes exactores, reunidos na cidade da Guarda começaram a impor taxas às Igrejas que estavam em território português e pertencentes ao dito bispado, sendo então a Igreja de Santa Maria do Soito taxada em 10 libras.
A propósito, quero esclarecer, que a primitiva paróquia de Santa Maria do Souto só mais tarde passaria a ter por padroeira Nossa Senhora da Conceição, já que o culto à Imaculada começou a consolidar-se no século XVII, especialmente depois de D. João IV a ter proclamado padroeira “dos nossos reinos e senhorios” no dizer dele, em 25 de Março de 1646 o que seria confirmado pelo Papa Clemente X em 8 de Maio de 1671.
Por essa época, muitas outras paróquias que se intitulavam de Santa Maria, tomaram por padroeira Nossa Senhora da Conceição.

Em 1511, o Sabugal tinha três paróquias; São João que tinha a Nave e outras como anexas, São Miguel à qual estava unida a do Soito, apesar de ser “Câmara do Bispo tendo como Abade Gonçalo Martins”, e ainda Santa Maria.
Dezasseis anos mais tarde, em 1527, e segundo o Cadastro da População do Reino, o então concelho do Sabugal tinha apenas 1027 moradores sendo o Soito o principal lugar com 160, Quadrazais 134, a Nave 98, Vale de Espinho 58, os Foios 7 e havia outros povos ou quintas que não interessa agora referir.

De salientar que segundo este Cadastro e na região, apenas o Sabugal com 213 moradores, dentro dos muros e no arrabalde, ou Almeida com 264 ultrapassavam o numero dos moradores do Soito.

Segundo uma estimativa da população portuguesa em 1640, da autoria do professor Joaquim Veríssimo Serrão publicada em 1975 e baseada nas memórias da Academia das Ciências, o Soito consta num mapa ao lado de Alfaiates, Castelo Bom, Castelo Melhor, Vilar Maior, e Numão para só referir as terras mais próximas, cada uma com um número de vizinhos entre os 100 e os 200 o que significa entre 400 a 800 moradores.

Poucos anos depois, era governador de Alfaiates o poeta e guerreiro Brás Garcia de Mascarenhas, e o Soito nessa época também esteve envolvido nas disputas fronteiriças; foi por essa altura que reuniram, aqui no Soito, D. Sancho Manuel e D. Rodrigo de Castro com as suas tropas e daqui partiram para Alcântara com 400 cavalos e 250 soldados, não sendo de excluir a hipótese de alguns deles serem Soitenses, fortes e destemidos como sempre foram.

As hostilidades entre Portugueses e Espanhóis continuaram, no reinado de D. Pedro II, foi nesse tempo que sobressaiu, devido às suas heróicas façanhas, um tal Tolda, capitão de cavalaria, que foi considerado o Nun’Álvares do castelo de Alfaiates, a ele se refere o Padre Hipólito em 1758 escrevendo; “ ainda se conserva nesta freguesia, a trombeta da sua Companhia com grande estimação” Pena é que tivesse desaparecido.
Também o reytor António Carvalho Baptista em memórias paroquiais de Alfaiates diz acerca do “Capitão Tolda”: temido raio de Marte que fez grandes feitos!

Escreveu ainda o Padre Hipólito, que paroquiou o Soito entre 1745 e 1786, em Memória Paroquial datada de 29 de Maio de 1758 a pedido do Marquês do Pombal e inserida no Dicionário Geográfico, que o Soito tinha 226 vizinhos, com setecentas e vinte pessoas maiores e menores, ainda segundo este pároco o Soito já tinha para além da Igreja mais oito capelas: Dentro da freguesia São Modesto.
Fora da freguesia; São Brás, Espírito Santo, Santa Bárbara, Santo António, São João, Nossa Senhora dos Prazeres, Santo Amaro e a capela da Misericórdia.
Respondendo à questão 25 o Padre responde; “acha-se nesta terra um forte muito antigo, mas no presente está todo demolido”
Em meu entender de leigo, penso que este forte, teria sido destruído entre 1640 e 1660, aquando das investidas castelhanas, que pilharam e incendiaram várias povoações, contudo a sua origem é uma incógnita e talvez continue a sê-lo, o certo é que Forte, continua a ser o nome do lugar onde ele terá existido há bastantes séculos atrás, talvez mesmo desde tempos medievais.
Em 1798 e segundo o Censo de Pina Manique o Soito tinha 243 fogos.
A crer na evolução populacional do Soito, segundo os dados até agora obtidos, deve estar errada a informação do Padre Carvalho, ou houve erro de impressão no Dicionário Corográfico onde Américo Costa atribui ao Soito em 1708 apenas 36 fogos, pois como é possível em meio século diminuir mais de 100 fogos para passado outro meio, ter um crescimento de 190?

Sei, que entre 1692 e 1700, 9 anos portanto, foram feitos no Soito cerca de 400 baptizados, o que vem reforçar ainda mais a tese do erro histórico atrás referido. Pois 400 baptizados em 9 anos, e tendo em conta que um casal tinha um filho, em média, de dois em dois anos, isso equivale a dizer que havia cerca de 100 casais em idade reprodutiva, mais os jovens, crianças e idosos.

Outro facto importante que me faz descrer desse tal conceito de lugarejo é a prova de que em 1695 o Soito já tinha a sua Misericórdia conforme registo de óbito de 14 de Fevereiro desse ano, feito pelo padre António Ramos de Azevedo e onde escreve “foi sepultado na Capela da Santa Misericórdia, por assim o deixar em testamento.”

Ainda a propósito da menoridade atribuída ao Soito, digo que se em 1758 já tinha oito capelas, uma Irmandade da Misericórdia, cuja capela tinha um rendimento de 20.000 reis, um hospital, administrado pelo Provedor de Castelo Branco, mas que era pertença da Misericórdia, como poderia ter sido um pequeno povoado, alguns anos antes?

Em 1822 o Soito contava 230 fogos, o Sabugal contava 219.
Em 1862 havia 335 fogos com 1.400 moradores
Em 1900 401 fogos e 1.508 moradores
Em 1930 526 fogos e 2.003 moradores

Segundo o VIII Recenseamento, em 1940 o Soito atingiu o mais alto patamar da sua história com 616 fogos e 2.439 habitantes, dos quais 438 viviam em Santo Amaro, 731 sabiam ler, havia 98 viúvas e 22 viúvos, 3 pessoas não tinham religião, 4 não praticavam alguma e já então havia um casal separado judicialmente.

O X Recenseamento de 1960 e publicado em 1963 conta no Soito apenas 2.376 moradores, perdendo portanto 63 pessoas em vinte anos, porém, como nesse espaço de tempo foram feitos 1.975 baptizados e houve apenas 1.001 óbitos, teremos que contabilizar uma perda de 1.037 pessoas, que certamente haviam emigrado.

Informa ainda este recenseamento, que em 1960 havia no Soito 139 pessoas sem religião, 102 viúvas e 38 viúvos.
A nível concelhio o Sabugal desceu de 41.909 em 1940 para 38.062 o que dá um saldo negativo de 3.847 habitantes.

Os dados recolhidos em 1981 através do XII Recenseamento contam no Soito 1.433 habitantes, em 1991 1.392 e em 2001 apenas 1.330.

Sabendo que o Soito tinha em 1862 1.400 moradores e que desde então até ao ano 2000 houve 8.995 baptismos e apenas 6.532 óbitos, teremos um saldo positivo de 2.463 pessoas, que juntando às 1.400 somaria 3.863 o que quer dizer que por cada Soitense residente há dois emigrados.

O Soito, dependente da Nave?
Há quem erradamente admita, que o Soito foi uma anexa da Nave, a verdade, é que o Cura do Soito, como aliás os de Vale de Espinho, Foios, Lageosa, Vila Boa, Ruvina, Ruivós e Vale das Éguas, prestavam contas anualmente ao Vigário da Nave, seu superior hierárquico, o qual assinava a abertura e o fecho dos livros de registos, onde constavam os baptismos e os óbitos.
O pároco da Nave seria como que o colector de impostos, o representante do Bispo, aquele que recolhia as taxas, ou as rendas, como queiramos chamar-lhe.

Os documentos referentes ao Soito não esclarecem qual o valor da renda, que lhe estava imposta, mas por exemplo Ruivós pagava 68 alqueires de centeio, outros tantos de trigo e seiscentos reis, Vila Boa pagava 40.000 reis, Foios pagava 120 alqueires de centeio e 6.000 reis em dinheiro, Vale de Espinho 50 alqueires de trigo, 50 de centeio e 3.000 reis.
Os livros de registo, existentes, quer no arquivo paroquial, quer no Arquivo Distrital da Guarda, foram assinados, para além do Padre da Nave, ainda pelos Padres de Rendo, Alfaiates, Aldeia da Ponte, Ruvina e por último, o actual Padre Souta do Sabugal, todos eles seriam possivelmente superiores ao do Soito o que não quer dizer que esta freguesia lhes tenha pertencido.

Alguém me disse, ainda não há muito, que os mortos do Soito teriam sido, em tempos, sepultados no cemitério da Nave. Posso dizer que desde pelo menos 1615 data de que há registos, isso não acontece, as sepulturas eram feitas na Igreja Matriz do Soito, na Capela da Misericórdia, na de Santa Barbara, na do Espírito Santo e na de Santo Amaro, embora nestas duas últimas fossem em número bastante inferior ao das outras.
Os cemitérios são relativamente recentes, foram criados por dois decretos de 1835, embora Pina Manique, meio século antes houvesse lutado pela sua construção.
O primeiro funeral feito no cemitério do Soito, data de 5 de Fevereiro de 1838. Na capela da Misericórdia já eram feitos desde pelo menos, 14 de Fevereiro de 1695, o que não quer dizer que os não houvera anteriores, pois há um vazio documental de alguns anos antecedentes que no impossibilitam de saber mais.

Nessa época e até à elevação da nossa terra a Vila, o Soito era a única aldeia do distrito, que nunca foi vila ou sede de concelho, a ter instituída uma Irmandade da Misericórdia, o que era já uma prova, da sua importância como povo.
Há um outro pequeno trecho de história, em Memórias sobre o concelho do Sabugal onde se diz acerca do Soito: “A população é rica, porque é trabalhadora e tem muito onde trabalhar, nos seus pequenos limites”. Ora o Soito com mais de 30 Quilómetros quadrados de superfície, é a nona maior freguesia do concelho atrás do Casteleiro, Sortelha, Quadrazais, Vale de Espinho, Bendada, Aldeia da Ponte, Sabugal e Aldeia de Santo António, esta tem apenas mais alguns hectares que o Soito.
Os limites do Soito, são maiores que os de Aldeia do Bispo e Lageosa juntos.

É ainda interessante saber que em princípios do século XVIII, o Santo que atraía mais romeiros ao Soito, principalmente “tolhidos e aleijados” segundo as palavras do Cura de então, era Santo Amaro a 15 de Janeiro, pois que todos acreditavam ser imagem muito milagrosa e onde, segundo informação do mesmo Padre, se encontraram mais de duzentas muletas de pau que os aleijados ali deixavam depois de se verem curados.
Outra festa que se realizou durante alguns séculos foi a de Santa Isabel no primeiro domingo de Julho.
A cargo da Irmandade da Misericórdia, esta festa teve o seu fim por volta de 1940, de salientar que na tarde desse mesmo dia e todos os anos se procedia à eleição dos mesários que haviam de dirigir a Misericórdia no período seguinte.

Há ainda outro ponto que importa esclarecer; algumas pessoas, mal intencionadas de certo, terão dito que os primeiros habitantes do Soito eram ciganos ou foragidos à justiça; Ora, a verdade histórica é esta; No livro Castelos da Raia da Beira, consta um mapa de Baquero Moreno onde Alfaiates, Vilar Maior, Sabugal, Penamacor e a própria Guarda eram Coutos de homiziados o que quer dizer; que, ou aqueles que andam fugidos à justiça, logo, nenhum povo da região se pode gloriar do seu passado fazendo criticas ao passado dos outros.

O Soito não tem casas senhoriais, brasões ou castelos, teve e tem a gente trabalhadora, que embora humilde, tem um valor que ninguém lhe pode arrebatar; é a força e a vontade de trabalhar, ao contrário de outros que feitos parasitas, aqui vinham recolher, talvez pela força, a maioria dos produtos colhidos a cada ano, como era o caso daquele que foi donatário do Soito o Conde de Óbidos, mas também o Conde de Resende e os Alcaides do Sabugal que tinham aqui extensas propriedades.
Faz hoje cinco anos que o Soito foi promovido a vila, não me vou pronunciar sobre as questões que envolveram todo o processo, apenas quero afirmar, que esse facto, só trará vantagens, na medida, em que nós formos capazes de elaborar, projectar e candidatar aos fundos governamentais, as obras que entendamos prioritárias.
Também, só forçado a dizer, que a Assembleia da Republica ao promover o Soito, assumiu a responsabilidade que advém de qualquer promoção, o que tem sido esquecido, embora saibamos que ninguém virá de bandeja, oferecer o que quer que seja, só pelo facto de sermos vila, temos que fazer valer os nossos direitos, através de iniciativas e dialogo, com as entidades que têm o poder de decisão, sem sermos subservientes é certo, mas nunca de forma arrogante.
Para além da Junta de Freguesia, temos várias Associações de Desenvolvimento que certamente têm por meta o bem da nossa terra, mas a descoordenação, existente entre elas e o andar de costas voltadas só prejudica o Soito no seu todo.
A simpatia partidária de cada um, nunca se deve sobrepor ao bem comum de um povo, pois só colaborando uns com os outros em unidade, poderemos ter a força reivindicativa que nos permita alcançar os objectivos a que pensamos ter direito.

E mais não digo por hoje. Viva o Soito
Maio de 2004

terça-feira, 16 de março de 2010

O Contrabando

O contrabando é um tema polemico, sempre difícil de abordar, quer pela carga negativa que motiva em parte da sociedade, quer pelas recordações que faz reviver em muitos dos que a ele dedicaram parte da sua vida.
Independentemente da opinião que cada um possa ter sobre o assunto, a verdade é que o contrabando foi para o Soito, e para muitas aldeias da região, um motor de desenvolvimento em épocas de mingua e carências e que grande numero dos Soitenses, directa ou indirectamente, a ele estiveram ligados, e dele colhiam benefícios, difíceis ou mesmo impossíveis de obter de outro modo.
Durante a Guerra Civil de Espanha, na segunda guerra mundial e nos anos que se seguiram, esta actividade conheceu um volume até então nunca visto, devido á grande procura no mercado internacional de minérios de ferro de que o nosso País era produtor, assim, por aqui passavam milhares de toneladas, que eram transportadas pelo homem aos ombros, até ao País vizinho, num percurso de dezenas de quilómetros e por veredas quase intransitáveis. Foi uma época desgastante para as gentes desta aldeia, devido ao sacrifício quase sobre humano a que se sujeitavam, principalmente os homens e os rapazes, que transportavam o carrego sob o rigor das intempéries.
Ainda hoje são visíveis, um pouco por toda a zona dita de rota do contrabando, dezenas de minas que só o eram de nome, onde o minério era descarregado, como se ali fosse extraído, para despistar as autoridades que o perseguiam
Tendo decaído ou mesmo desaparecido a procura do minério, outros produtos se tornaram apetecíveis para o contrabando: tecidos, calçado, maquinas, café, tabaco, etc., que continuou a ser feito a pé até aos fins da década de sessenta, altura em que os cavalos, por mais rápidos, logo mais lucrativos, tomaram o lugar dos homens, embora cada cavalo fosse normalmente conduzido por um cavaleiro, á excepção das noites de nevoeiro que acontecia o contrario, era o cavalo que conduzia o cavaleiro.
De salientar que havia muito proprietários de cavalos que não arriscavam a sua vida, mas que tinham, o que se pode dizer de criados, para ir com o cavalo e a quem era paga a parte
correspondente.
Para além deste tipo de contrabando por grosso, havia o pequeno contrabando domestico,
em que a maioria dos artigos consumiveis ou de decoração eram trazidos de Espanha.
O azeite, laranjas, louças, perfumes e a maioria do vestuário usado nesta aldeia era de proveniência Castelhana e as noivas ali iam buscar quase todo o seu enxoval, que muitas vezes deixavam no caminho, apreendido pelas mãos da Guarda Civil ( Carabineiros) ou da Guarda Fiscal.
Tecnicamente, contrabando quer dizer introduzir mercadoria sem pagar direitos, contudo épocas houve, em que ele era mesmo incentivado pelas autoridades a nível particular, foi o caso do café, em que as nossas autoridades fechavam os olhos ao café que ia para o lado de lá, ou das autoridades espanholas, que igualmente fechavam mais os olhos ao que saía do seu país, do que ao que nele entrava.
Homens sem medo, corajosos e aventureiros eram os do Soito, que nas décadas de sessenta e setenta, se dedicavam ao contrabando quase diariamente, num desafio continuo á injusta e desumana lei, arriscando a vida para sustento próprio e dos seus, já que outras fontes de rendimento escasseavam.


Se o Soito ganhou algo com o contrabando, também pagou caro o preço pelo arrojo e aventura, pois nele deixou alguns mártires: uns que caíram e derramaram o seu sangue nas veredas do contrabando, vitimas da força bruta das balas do poder, lembro João Marques Lavrador e José Russo de Carvalho que na idade dos sonhos e no vigor da vida, foram assassinados á entrada norte dos Foios, em doze de Setembro de 1960 e ainda outros dois jovens na flor da vida Manuel Joaquim Nunes Fernandes e Hermenegildo Robalo Carrilho, estes arrastados pela fúria das águas do Côa quando tentavam atravessar o rio em seus cavalos, acabando por nele morrer afogados, em trinta de Dezembro de 1962
Já decorreram quase quatro décadas sobre estas fatídicas datas, mas os acontecimentos continuam vivos na memória das nossas gentes.
Já depois do vinte cinco de Abril foi assassinado pela GF e ás portas do Soito, um cidadão Espanhol conhecido como Juan, juntamente com vários cavalos, este macabro acontecimento deu aso ao declínio senão mesmo á morte do contrabando a cavalo.
A esse propósito não posso deixar de me sentir hoje indignado, ao ver que a lei e a justiça actuais, são mais brandas para os criminosos de hoje, do que eram então para quem, á falta de outro meio de sustento, se dedicava ao contrabando, era, em suma, mais criminoso há trinta anos um contrabandista, do que hoje é um larapio, um vigarista, ou um pedófilo, por isso eles enxameiam a Terra e passeiam-se na nossa sociedade impunemente.
Durante cerca de duas décadas em que os cavalos foram o transporte mais usado para o intercâmbio de mercadorias entre esta aldeia e outras terras da raia castelhana, dezenas deles foram abatidos pelas forças da autoridade, na escuridão da noite e sorte a dos cavaleiros que os montavam não terem igual destino.
De referir que nas longas e algentes noites de Inverno, calcando a neve ou o gelo, não era raro, após horas e horas a cavalgar sob um frio intenso, haver quem ao chegar ao povo, á porta de casa, se sentisse de tal modo enregelado que era incapaz de desmontar do cavalo sem que fosse ajudado por algum amigo ou familiar e ser necessário aquece-lo com um acolhedor lume, um quente cobertor e uma bebida revigorante.
Na década de setenta, talvez aquela em que esta actividade conheceu maior desenvolvimento, tanto cavalos como cavaleiros não tinham descanso, e embora fosse habitual levarem só mercadoria para o exterior, não era raro aproveitarem o retorno com qualquer outro tipo de artigos que oferecessem lucro e tivessem procura.
As veredas que durante décadas ou mesmo séculos, foram testemunhas de tanto sacrifício, medo, mas também coragem e aventura por parte de milhares de Soitenses estão agora tomadas pela vegetação bravia que as camuflou como se nunca tivessem existido, no entanto elas são um marco inesquecível que deve ser perpetuado na historia do Soito.
O Soito foi uma terra de cavalos e em 1968 contei a passar á minha porta mais de cem desses animais carregados de tabaco destinado a nuestros hermanos que tanto o apreciavam
Hoje, com o desaparecimento do contrabando desapareceram também quase todos estes belos, elegantes e dóceis animais, mas não podem ser dissociados da historia, porque ela lhe foi comum.

O NOME

O Nome

Souto ou Soito? O nome confunde-se e alterna no tempo já que aparece o nome de Souto em várias passagens documentais, nomeadamente na lista das Igrejas de Riba Côa datada de 1321, no Cadastro da população do Reino de 1527 e no Dicionário Geográfico do Reino de Portugal de meados do século XVIII entre outros. Continuou o nome de Souto, a ser usado pelos CTT e alguns departamentos governamentais, digo alguns, porque por exemplo a Repartição de Finanças e a Câmara Municipal já há muito que vinham a usar o nome de Soito.
De Sotto, passou a Soutto, Souto e Soito, havendo épocas em que era conhecido como Sotto de Riba Côa, ou Cima Côa, conforme identicamos nos registos do diversos párocos.
Na documentação destinada a esta terra e que no relatório de contas da Santa Casa da Misericórdia datado de 1847 já era Soito o nome referido, mais, toda a documentação da Misericórdia, num espaço de mais de 80 anos até 1934, refere apenas Soito, porém a partir desta data, Souto e Soito alternam entre si numa diferenciação que só pode ser atribuída ao critério ou à simpatia de cada Secretário, Provedor, ou a qualquer pena que ao sabor de quem a movia, escrevia um ou outro termo.
Nos próprios registos paroquiais de óbitos, baptizados e casamentos, Souto e Soito alternam desde há séculos conforme o gosto ou a vontade do pároco da época.
O Governo Civil da Guarda, no alvará n.º 28 de 25 de Fevereiro de 1935, que nomeia a Comissão Administrativa para a SCMS, refere Souto, para quase oito anos depois a mesma entidade, no alvará n.º 55 de 1 de Novembro de 1943 referir Soito.
Os recibos da contribuição predial dos prédios rústicos pertença da Santa Casa referentes a 1926 e outros, emitidos pela Repartição de Finanças do Sabugal diz: Misericórdia do Soito.
Várias cartas vindas do Ministério do Interior, são endereçadas à Misericórdia do Soito-Sabugal
Na lista do código postal, edição actualizada em 1996, pode ler-se: 6320 Soito.
A maioria dos historiadores e escritores contemporâneos refere-se a este povo usando e aceitando Soito como nome mais conhecido e vulgarizado.
O Dr. Joaquim Manuel Correia em Memórias do Concelho do Sabugal refere Soito (Pag 1) ou Souto ( diversas), assim, qualquer dos termos aceitar-se-á por correcto embora eu, pessoalmente, prefira usar o nome de Soito e gostasse que o ver tornado oficial para evitar confusões, daí que apele aos órgãos oficiais representativos do povo para que iniciem o processo legal de alteração e confirmação do nome de Soito a fim de evitar uma dualidade tantas vezes embaraçosa e até confusa para quem desconhece a região, visita a nossa terra e até para os próprios habitantes..
Pelo que sabemos de testemunhos de respeitáveis anciãos, o nome Soito tem vindo desde há séculos a ser usado no modo verbal e é Soito o nome porque foi e é conhecido a portas fora, no entanto Souto tem sido usado na forma escrita ainda que não de modo absoluto.
No dia 13 de Maio de 1999 o Soito foi elevado à categoria de Vila e os documentos que o atestam, vindos da Assembleia da Republica referem Soito.

Algumas datas

1527: o Soito com 160 moradores era o principal lugar do termo do Sabugal que tinha 1.027 no total.
14 de Fevereiro de 1695: É feito um enterro na capela da Misericórdia, embora os possa haver anteriores.
1700: Segundo o livro dos assentos de baptismos, houve 31 nascimentos.
1704: Registam-se 42 baptismos.
1714: Data do Cruzeiro incrustado no Calvário
1758: O Soito tinha todas as actuais Capelas já erguidas, à excepção da de Santa Inês.
29 de Maio de 1758: O Soito tinha 226 vizinhos
1797: São construídos os Nichos da Via Sacra dos quais restam apenas metade.
1798: Segundo o Censo de Pina Manique o Soito tinha 243 fogos.
1838: O Cemitério fica concluído e recebe a primeira sepultura a 5 de Fevereiro.
1856: Morrem neste ano: 156 pessoas
Maio de 1856: Neste mês são registados 80 óbitos, 28 deles enterrados na Capela de Santa Barbara, sessenta eram menores de cinco anos
12 de Maio de 1858 e 16 de Maio de 1858: são feitos sete funerais em cada um desses dias e em todos os registos podemos ler: faleceo das bexigas, o que dá a entender ter havido uma epidemia do que hoje poderíamos chamar varicela.
30 de Julho de 1858: Data do Compromisso da Irmandade da Misericórdia que substituía os anteriores.
10 de Novembro de 1867: É arrematado a José Lopes Pereira por 59.995 reis, a construção de um pontão em granito com 4 metros de largura e 48 de comprimento na ribeira ao fundo do Lugar.
7 de Junho de 1877: El-Rei Dom Luís Primeiro atribui o grau de Cavaleiro da Torre e Espada de valor, lealdade e mérito a José Fernandes Farinha.
15 de Junho de 1881: A Misericórdia tinha 3.100.000 reis em depósitos na Junta de Crédito Publico.
1888: É criada no Soito a cadeira de professor do sexo feminino.
3 de Maio de 1888: Morre na Marsoba, às cinco da tarde, aquando das disputas territoriais com Alfaiates, o cidadão Manuel Lopes (Dora) de 28 anos.
Dezembro de 1909: um violento temporal abate-se sobre o concelho derrubando dezenas de pontes, entre elas, parte da do Sabugal que esteve 3 anos com tabuleiro em madeira.
1910: É construída a Torre da Igreja
9 de Abril de 1914
26 de Agosto de 1914. Aprovação oficial da reforma dos Estatutos da Misericórdia
1915: o Dr. João José da Fonseca Garcia manda fazer duas fontes, a dos Lameiros e do Fundo do Lugar.
1924: É aberta a estrada Soito-Cruzamento
26 de Março de 1927: homenagem da Câmara ao Vereador do Soito Bernardo Manso Martins, que mandara fazer o tanque e pio no Lameiro do Soito e que há muito desapareceram.
1945: Inicio do abastecimento de água e construção das fontes públicas.
16 de Outubro de 1955: A Junta decide abrir a estrada desde o Lameiro do Soito até à Igreja
26 de Setembro de 1946: É fundada a Fabrica de Refrigerantes, mais tarde Cristalina.
1956: abertura da estrada Soito-Alfaiates
29 de Janeiro de 1962: o Sr. Bispo D. Policarpo vem ao Soito crismar 130 pessoas.
27 de Março de 1962: É aberto concurso para alcatroamento da estrada do Soito.
22 de Julho de 1962: Nas Eiras onde estava depositado o pão para ser malhado, deflagra um incêndio que consome 70 carros de cereal.
31 de Dezembro de 1962: quando vinham de Espanha já descarregados, ao atravessar o rio Côa morrem afogados Hermenegildo Robalo Carrilho de 15 anos e Manuel Joaquim Fernandes de 16.
9 de Maio de 1963: É inaugurada a luz eléctrica.
12 de Maio de 1963 a Estação telefónica dos CTT passou a estar aberta das 08 às 24 horas.
1966: É fundada a fábrica de confecções Ranking
25 de Julho de 1967: A imagem de São Cristóvão é colocada próximo do local onde hoje se encontra, graças à iniciativa dos motoristas do Soito.
1968: Construção da casa paroquial.
1969: Morrem em três acidentes de viação 7 pessoas do Soito; Mário Pereira, José e Manuel Meirinho Dias próximo das Batocas, João Carvalho Russo e Carlos Alberto Freire em França e Maria Garrido Rito Pereira e filha em Espanha quando vinham de França.
12 de Outubro de 1969: cortejo de oferendas a favor do hospital do Sabugal onde pela primeira vez é cantado o hino do Soito, um arranjo da Sra. D. Judite Nunes Aristides.
4 de Agosto de 1974. o Sr. Bispo da Guarda volta ao Soito administrar o Crisma.
1974: é construído o muro de vedação do Santuário de Nossa Senhora dos Prazeres.
11 de Junho de 1976: O Primeiro Ministro Mário Soares visita a Fábrica de Confecções Ranking
22 de Março de 1977: É morto pela Guarda-Fiscal, na Rua do Pinhal o espanhol Juan Simon Rodriguez
18 de Maio de 1977: fundação da Associação Cultural e desportiva do Soito.
17 de Junho de 1979: A festa das Crianças, comemoração do Ano Internacional da Criança, realizou-se no Soito com as crianças de todo o concelho.
23 de Setembro de 1979: Eleição de uma Comissão Administrativa destinada a dar novo alento à SCMS.
18 de Janeiro de 1981: Reunião da Comissão pró Lar da terceira idade e Jardim de Infância.
30 de Maio de 1982: Formalização do contrato de construção do Lar a João Rito Marcos, o que foi confirmado em 13 de Junho.


Outubro de 1981: Abre o primeiro Jardim de Infância
24 de Janeiro de 1982: o Sr. Bispo da Guarda vem ao Soito administrar o Crisma
31 de Agosto de 1982: É aberto concurso para a pavimentação da estrada Soito Quadrazais e Ramal de S.Cristóvão.
20 de Setembro de 1982: É colocada a primeira pedra do edifício do Lar.
10 de Janeiro de 1987: Abertura do Lar Nossa Senhora da Conceição.
11 de Março de 1989: O Lar é inaugurado oficialmente e é assente a primeira pedra da Creche e Jardim Infantil.
1989: O Soito gemina-se com Le Porge
30 de Agosto de 1993: Abre a Creche e o Jardim Infantil da Misericórdia
17 de Março de 1997: Aprovação do projecto da Casa da Cultura, Juventude, Desporto e Laser.
1997: A capela de Santo António é beneficiada com obras: elevação do pavimento e cobertura
31 de Outubro de 1998: a Soito ACD apresenta o projecto do Museu Etnográfico à Junta de Freguesia.
1998: É colocada uma cobertura nova na Capela de Nossa Senhora dos Prazeres e construída a sacristia.
17 de Novembro de 1991 Transmissão pela RTP da Missa Dominical no Soito.
20 de Março de 1999: a SCMS decide apoiar a construção do Museu e propõe-se adquirir o imóvel para a sua instalação.
6 de Agosto de 1999: É dado o nome do Engenheiro Engrácia Carrilho à praça principal da Vila com a presença de seu filho o então Ministro da Cultura: Manuel Maria Carrilho
13 de Novembro de 1999: Com vista à instalação de um futuro Museu, é feita a limpeza do espaço frente ao edifício que o irá albergar.
11 de Abril de 2001: adjudicada a pavimentação da estrada para Nossa Senhora dos Prazeres.
1 de Novembro de 2001: Morre o Padre José Miguel Pereira.
4 de Agosto de 2002: É realizada a primeira feira anual.
2003: o Clube de Futebol da Associação Cultural e Desportiva entra na competição da segunda divisão distrital e termina a época em quinto lugar.
15 de Maio de 2004: com a celebração da Missa, é inaugurado o novo altar da capela de Santo António
26 de Julho de 2004: É inaugurado o novo imóvel para ampliação do Lar Nossa Senhora da Conceição.
11 de Abril de 2005: inicia-se a demolição do redondel no Lameiro do Soito com vista à requalificação do Espaço

No tempo do Minério

Minas de volfrâmio, arsénio e titânio

Durante a segunda guerra mundial, Portugal exportava para ambas as partes, grandes quantidades de minério, porém Salazar cedeu às pressões dos E.U.A. que em 28 de Fevereiro de 1944 pediu o embargo desse produto à Alemanha e da Grã-Bretanha em 24 de Março seguinte.
Em 24 de Maio também o Brasil pressiona Portugal nesse sentido e em 29 de Maio a Grã-Bretanha invoca a aliança Anglo-Lusa para o pedido de suspensão das exportações.
Em 1 de Junho, Salazar decide suspender as exportações e em 6 do mesmo mês informa o embaixador da Alemanha da decisão de suspender o fornecimento de minério a todos os beligerantes.
No dia 8 é divulgada uma nota oficiosa em que se dá conta da proibição de exportação de volfrâmio para todos os destinos.
É aqui que começa um dos grandes negócios para o Soito, para toda a região e para grande parte do país.
O contrabando de minério floresce a cada dia que passa e, primeiro, os homens às costas depois em velozes cavalos transportavam para Espanha o precioso metal que gerava riqueza para toda a população.
Vindo das Minas da Panasqueira, de Moncorvo ou de outras fontes, passaram por aqui milhares de toneladas.
Para evitar perseguições e terem provas de que a produção era local, proliferaram por esta região e nessa época, centenas de minas que mais não serviam do que de entreposto.
No Soito, embora não tanto como em outros povos, também houve algumas minas que os proprietários registavam na Câmara do Sabugal: em 4 de Dezembro de 1941, às onze horas, foi registada no sítio da Quinta da Maria Gandaia uma mina sob o número 182, de titânio, arsénio e outros minerais em nome de Francisco Viriato Lopes, outra, 183 nas Carvalheiras no mesmo dia e mesmo autor, outra, 184, no sítio da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, freguesia de Aldeia Velha, também registada pela mesma pessoa, outra sob o número 185, também do mesmo, situada no limite de Aldeia Velha.
Com o número 188 em 9 de Dezembro do mesmo ano foi registada por José Martins Garcia, solteiro, de 29 anos de idade uma mina situada na Serra de Nossa Senhora dos Prazeres, outra com o número 189, pelo mesmo, no sítio dos Malhões em propriedade dos herdeiros de Maria Martins e outros.
Esta actividade durou cerca de 30 anos e trouxe ao Soito muito trabalho mas também algum desafogo financeiro proveniente das mais-valias dela resultantes e que a todos beneficiavam, directa ou indirectamente.

O pão (Centeio e trigo)

A produção de cereal, principalmente trigo e centeio, era uma das bases em que assentava a vida económica da povoação e era, devido ao terreno fértil, o principal fornecedor distrital desses produtos.
Na época 1950/1952 João Baptista Carrilho foi o segundo maior produtor, sendo-lhe atribuído o respectivo diploma pela Federação Nacional dos Produtores de Trigo em 15 de Março de 1953
Embora ainda hoje haja quem semeie milhares de alqueires de semente, há muito terreno ao abandono, por falta de interesse ou rentabilidade económica, sendo talvez este último aspecto a principal causa já que desde 1970 até 2005 o preço do pão ao consumidor subiu mais de 50 vezes (uma carcaça de 60 gramas custava $40, hoje ronda os 0,10 €) e no produtor o preço não acompanhou, nem de perto, tamanha subida.
Até meados do século passado, porque todo o trabalho era feito manualmente, a faina da ceifa e das malhas prolongava-se desde Junho a Agosto.
Antes, geralmente no mês de Maio, o trigo era mondado, (limpo das ervas daninhas) o que era feito por dezenas de raparigas em posição bastante incómoda e durante todo o dia, apesar disso, o som das cantigas que elas emitiam e que ecoava pelas redondezas, dava aos campos um sinal de vida e de alegria que já há muito se perdeu.
Por alturas da festa de Santo António, 13 de Junho, e porque os braços existentes na povoação eram insuficientes para realizar a ceifa em tempo oportuno, começavam a chegar centenas de ceifadores vindos de alguns concelhos da Beira Baixa a que se chamava “campo” e que eram contratados pelos proprietários para fazer esse trabalho.
Depois, o transporte em carros de vacas, até às Eiras, onde em molhos, o cereal era colocado em medas esperando para ser malhado à força do mangual, agilmente manejado pelo homem e depois separado da palha através de varias operações em que também as mulheres tinham participação activa.
Após esta complicada sequencia de acções, o grão era recolhido, geralmente para as lojas, em grandes arcas de madeira, para durante o ano servir para fazer o pão, depois de moído e transformado em farinha nos moinhos da terra, peneirado e amassado pelas mães de família e cozido nos fornos comunitários ou arrendados pelo forneiro que se encarregava de várias missões, desde o circular de casa em casa pela manhã cedo, ao toque das almas, dando ordens aquelas que iam cozer nesse dia, até repetir duas horas depois, para mandar tender e de seguida levar para o forno. Cada pão pesava em média dois arráteis (medida antiga com 459 gramas) e as famílias coziam quase sempre mais do que aquele que precisavam, pois era usual pedirem emprestado umas às outras e quando era a sua vez de cozer, retribuíam com pão do mesmo peso.
Ao forneiro era dada a poia que consistia no valor de 10% em relação ao número de pães cozidos
As primeiras malhadeiras apareceram por volta de 1930, mas não ceifavam, estavam fixas nas Eiras e grande parte do trabalho era feito à mão, a maquia só degranava e separava o grão da palha.
Depois bastante mais tarde apareceram as ceifeiras malhadeiras, que simplificariam e facilitariam o trabalho já que o grão era recolhido pela própria máquina até uma certa quantidade e só depois retirado e ensacado.

Os moinhos

Na Ribeira da Granja (ou Janadão) existiram em tempos não muito distantes sete moinhos onde era moído o grão que alimentava o povo; um era do Ti José Perloiro, outro de Maria Martins, dois dos Rendeiros, um do Ti José Moleiro, um do Ti José Santo e outro do Ti Joãozinho, este, que se encontrava completo ainda há poucos anos, foi vandalizado em 2004 e as pedras roubadas, havia ainda alguns no Rio Côa, entre eles, dois eram propriedade de Narciso Carrilho, que moíam o trigo com mais precisão, resultando uma farinha mais fina, daí que fossem os preferidos quando se queria a farinha destinada à confecção dos coscoreis por alturas da Páscoa e da festa de Nossa Senhora dos Prazeres.

Os Fornos comunitários
Havia três fornos, o de baixo: da Tia Maria Martins, o do Ti Necha e o de cima: de Narciso Carrilho.

Eleições e circulos eleitorais

Círculos eleitorais e Eleições
Se hoje cada cidadão maior, tem direito a voto, isso só aconteceu passado o 25 de Abril de 1974 já que antes as leis restringiam esse direito.
A partir da Constituição de 1822 era concedido o voto aos cidadãos tidos como mais importantes e a partir de 1838 esse direito foi estendido a possuidores de certos títulos literários.
Só em 1878 tal direito foi alargado a todos os que soubessem ler ou fossem chefes de família, porém na prática tal direito era negado e foi mesmo suspenso em 1896.
Antes do 25 de Abril e oficialmente, apenas podiam votar aqueles a quem o poder o permitia sendo necessário para ter tal direito, pagar um mínimo de contribuição predial que foi de 100$00 e teria mais tarde passado para 200$00, no entanto apesar disso, quem não fosse apoiante da causa defendida pelo poder instalado não poderia votar já que os boletins de voto eram muitas vezes enviados aos eleitores já preenchidos com o nome do candidato escolhido, o que cerceava de algum modo a decisão do eleitor e punha em causa a sua liberdade de escolha. As mulheres só passaram a ter direito a voto depois de 1930 e só as licenciadas o podiam exercer.

De seguida damos conta da composição de vários círculos eleitorais durante o século XIX:
Para presidir às eleições de 26 de Julho de 1835 foram nomeados em 12 do mesmo mês; para o Soito o 5º. Vereador José Alves, do Soito, para Vale de Espinho; Manuel José de Carvalho, do Soito, e para Quadrazais; Manuel Jorge também do Soito
Em 14 de Setembro e para presidir as eleições da Junta e Comissões de Paróquia foi nomeado o Vereador António Garcia e para Aldeia Velha; José Alves do Soito.
Em 8 de Novembro de 1836, a Câmara dividiu o concelho em 3 Assembleias eleitorais: 1ª no Sabugal, 2ª em Aldeia do Bispo e a 3ª no Soito composta por Soito, Nave, Vila Boa, Vale das Éguas, Valongo, Ruivos e Ruvina.
Em auto de Câmara de 21 de Abril de 1837 e para presidir à Assembleia eleitoral que escolheria os Juízes de paz, é nomeado Luís Carrilho, do Soito.

Dois anos após a incorporação da Vila de Alfaiates no Sabugal, exactamente a 2 de Dezembro de 1857 foram estabelecidas as assembleias para as eleições no concelho que eram compostas de cinco círculos; No Sabugal, sendo Presidente o Presidente da Câmara, no Soito, o Vereador Joaquim António de Almeida, em Vilar Maior, o Vereador José Ribeiro Leitão, em Castelo Mendo o Vereador Francisco Sousa Fabião e em Sortelha o Vereador Fernando Soares Mascarenhas.

Em 19 de Outubro de 1859 as Assembleias eleitorais no concelho eram cinco.
A 1ª. No Sabugal compreendia as freguesias de Sabugal, Quadrazais, Rendo, Ruvina, Vila Boa, Rapoula, Touro, Quintas, Urgueira e Malcata.
A 2ª. Soito, com as freguesias de Soito, Vale de Espinho, Foios, Aldeia do Bispo, Lageosa, Aldeia Velha, e Nave.
3ª. Vilar Maior e as freguesia que compunham o antigo concelho.
4ª. Castelo Mendo com as freguesias do extinto concelho. 5ª. Sortelha com as freguesias do extinto concelho.
5ª. Sortelha, compota pelas freguesias que compunham o antigo concelho.
Às mesas, presidiam os seguintes cidadãos: no Sabugal o Presidente da Câmara, no Soito o Professor Manuel Fernandes Ruço, em Vilar Maior o vereador Júlio César, em Castelo Mendo o vereador José Joaquim Simões de Carvalho e em Sortelha o vereador José de Andrade.
Em 31 de Julho de 1867 a 5ª. Paróquia Cível tinha sede em Vila Boa e era composta por Vila Boa, Soito, Nave, Ruvina e Ruivós
Em 17 de Dezembro de 1867 o Concelho do Sabugal continuava a ser composto por 5 círculos eleitorais com sedes no Sabugal, Soito, Sortelha, Vilar Maior e Miuzela.
A assembleia nº 2 tinha sede no Soito e compreendia as freguesias da Nave, Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Lageosa, Foios e Vale de Espinho.
Os círculos dos Juízes de paz eram compostos pelas mesmas freguesias e com a mesma sede conforme expresso em acta da sessão de Câmara de 21 de Agosto de 1867.

Em 4 de Abril de 1869 as Assembleias estavam assim divididas, Sabugal: que tinha como Presidente Manuel Fernandes Ruço, vice-presidente da Câmara, mas nessa data Presidente em exercício.
A do Soito era presidida por José Maximino da Costa Azevedo. Sortelha por Alexandre José Antunes Leal. Castelo Mendo: Alexandre António Vieira e Vilar Maior António Monteiro Limão.
Em 17 de Novembro de 1869 a disposição dos círculos eleitorais era a seguinte; Sabugal tendo como presidente o Presidente da Câmara António Maria Rebocho, o do Soito presidido pelo vereador José Joaquim Ribeiro, o de Castelo Mendo com António Monteiro Simão, Sortelha com Alexandre José Nunes da Cunha e Vilar Maior com Manuel Martins Lavajo.
Estando a menos de uma légua do Soito, sede de Assembleia de voto, onde votavam os da Nave, Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Foios e Vale de Espinho, o povo de Alfaiates passou a votar em Vilar Maior que estaria muito mais distante.

Em 28 de Agosto de 1870 e para a eleição dos Deputados: Sabugal com o Presidente, Sortelha com o vogal Joaquim Antunes, Soito com António Joaquim Simões, Vilar Maior com José d’Andrade e Castelo Mendo com Francisco Martins Chorão.

Em 14 de Fevereiro de 1871 e devido à desanexação de 13 freguesias do concelho do Sabugal para o de Almeida, tendo ficado a Cerdeira, Miuzela, Parada e Porto de Ovelha, a Camara decidiu organizar as novas assembleias do seguinte modo com as seguintes capitais; Seixo do Côa com as freguesias de Miuzela, Cerdeira, Parada, Porto de Ovelha, Badamalos Valongo, Vale das Éguas, Ruvina, Ruivos e Bismula.
Outra em Aldeia da Ponte com as freguesias de Forcalhos, Lageosa, Nave de Haver, Malhada, Vilar Maior, Aldeia da Ribeira, Rebolosa e Alfaiates.
Outra no Soito composta das freguesias de Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Vale de Espinho Foios e Nave.
Uma outra no Sabugal composta pelas antigas freguesia menos a Ruvina que passou ao Seixo e outra em Sortelha com as freguesias que antes faziam parte da assembleia.

Em 19 de Junho de 1878 foram nomeados os sete cidadãos que hão-de presidir às Assembleias de voto que no dia 4 de Agosto elegerão os procuradores à Junta Geral e à Câmara Municipal: a do Sabugal, é por inerência, presidida pelo Presidente da Câmara, Sortelha pelo vogal José Ramos, Soito o vogal Francisco Lopes Júnior, Aldeia Velha o vogal Francisco Martins Chorão, Vilar Maior o vogal António Gonçalves Pinharanda, Miuzela o vogal Alexandre José Dias da Cunha e Malhada o vogal José Capello Barreiros.
Em 12 de Outubro de 1879 e para a eleição dos deputados, passou a haver sete círculos eleitorais assim distribuídos: Sabugal a que por lei presidia o presidente da Câmara, Soito presidido por José Joaquim Ribeiro, Sortelha por Alexandre José Dias da Cunha, Aldeia Velha com José Antunes da Fonseca, Vilar Maior era presidida por Joaquim António Rodrigues da Silva, Miuzela por Manuel Martins Janela e Malhada por António Dinis.




Em 10 de Novembro do mesmo ano e para presidir às eleições paroquiais do Soito, foi nomeado Manuel Carrilho Esteves.

Em 22 de Novembro do mesmo ano e para as eleições dos juízes de paz formaram-se os círculos que se seguem e foram nomeados os respectivos presidentes: No Sabugal: o Presidente da Câmara, no de Vilar Maior o vogal António Dinis da Fonseca, em Sortelha o vogal Alexandre José Dias da Cunha, o do Soito era presidido pelo vogal Joaquim António Rodrigues da Silva, Miuzela com o vogal Manuel Martins Janela, Malhada tinha por presidente o vogal José Joaquim Ribeiro e Aldeia Velha José Antunes da Fonseca.

Em 25 de Novembro de 1881 dá-se conta dos mesmos círculos eleitorais com os seguintes presidentes: Sabugal: o Presidente António Manuel Bigotte, Sortelha: o vogal Joaquim da Silva Moreira, Miuzela: com o vogal José Capello Barreiros, Aldeia Velha: o vogal Manuel Gonçalves Ignaçio, Soito: o vogal Dr. Fernando Garcia Marques, Vilar Maior: o vogal António Martins Chorão e Malhada: o vogal Bartolomeu José Capello.

Em 1885 o concelho foi dividido em oito círculos e o Soito continuava a ser sede de Assembleia de voto, nessa altura a 5ª Mesa, composta por Soito, 350 eleitores, Alfaiates, 259, Vale de Espinho 299 e Vila Boa 165.
1º. em Aldeia Velha com 222 mais Aldeia do Bispo com 171, Foios 110, Forcalhos 98 e Lageosa com105.
2º. na Miuzela com183 eleitores, Cerdeira 92, Parada 141, Porto de Ovelha 104 e Seixo 166.
3º. no Sabugal com 399, Aldeia de S. António 136, Quadrazais 428, Quintas de S.Bartolomeu 119 e Rendo 185.
4º. em Santo Estêvão com 180, Casteleiro197, Malcata 150 e Moita 100.
6º. em Sortelha com 196, Águas Belas 145, Bendada 205, Lomba 55, Penalobo 100 e Pousafoles 212
7º. na Ruvina com 47, Nave 165, Rapoula 90, Rebolosa, 98, Ruivos 45, Vale da Éguas 49 e Vila do Touro 185, e o 8º. em Vilar Maior com 157, Aldeia da Ponte 305, Aldeia da Ribeira 108, Vadamalos 82, Bismula 115 e Valongo 64 o que totaliza 42 freguesias, pouco depois saem do concelho a Miuzela, Parada e Porto de Ovelha ficando o concelho reduzido a 39.
Hoje o concelho é composto por quarenta freguesias devido à criação da freguesia do Baraçal em 18 de Maio de 1904 que foi desanexada de Vila do Touro.
Em 19 de Janeiro de 1887 em sessão da Câmara, o Presidente chamou a atenção dos vereadores para o facto de haver necessidade de alterar as Assembleias eleitorais e onde diz: “São conhecidos de todos os vereadores, os graves inconvenientes que resultam para muitos povos da existência das actuais, e especialmente para o Soito e Alfaiates, onde tem havido bastantes conflitos, resultando destes vários ferimentos em indivíduos de uma e outra freguesia e já a morte de um desgraçado de Alfaiates, propunha que ele fosse autorizado a apresentar, na 1ª sessão, um plano geral, alterando algumas assembleias em harmonia com o interesse dos próprios povos…”
Em 1895, a 15 de Dezembro, foi nomeado para presidir ao acto eleitoral da Assembleia do Soito, Manuel Robalo.


Assim e em face das alterações propostas, em 1896 e conforme Edital de 10 de Julho, a sede de assembleia de voto passou a ser a Nave, de cujo circulo faziam parte o Soito, a Rebolosa e Alfaiates com um total de 563 votos.

Em 21 de Agosto de 1899 a Assembleia eleitoral a que pertencia o Soito ficou sediada em Vale de Espinho, fazendo parte deste círculo; Vale de Espinho, Soito, Quadrazais e Foios num total de 525 eleitores e tendo como presidente Manuel António da Fonseca, do Soito.
Alfaiates foi, nesse acto, sede de Assembleia e composta pelas povoações de Forcalhos e Aldeia da Ponte.
Aldeia Velha, também sede com as freguesias de Lageosa e Aldeia do Bispo.
No Seixo do Côa; votavam Vale das Éguas, Cerdeira, Rapoula e Valongo.
Na Nave; Rendo, Ruvina, Vila Boa e Ruivos.
Vilar Maior, com as freguesias de Rebolosa, Bismula, Aldeia da Ribeira e Badamalos.
O Edital de 8 de Novembro, confirmava o atrás citado e apontava as Igreja Matrizes para local de voto, para o Sabugal foi definida a Igreja da Misericórdia.
Para presidir à Assembleia de voto das eleições paroquiais para 1902 forma nomeados Presidentes José Nunes Corracha e Manuel Robalo em 9 de Novembro de 1901.
Em 1904, para as eleições camarárias, foram nomeados Presidentes da Assembleia Manuel José Gonçalves Filipe Sénior e Narciso Carrilho e para 1905 José Antunes Lousa e Manuel José Gonçalves Filipe Sénior.
Para as paroquiais foram nomeados em 22 de Novembro de 1904 Narciso Carrilho e António José Nunes Hilário.
Em 17 de Novembro de 1908 foi nomeado para Presidente José Alfredo da Fonseca Garcia.

Em 10 de Dezembro de 1913, foram nomeados para presidir às mesa de voto para as eleições a realizar no dia 14 e referentes ao triénio 1914/1916 os seguintes cidadãos; para a mesa de Vale de Espinho; Diogo Lopes do Soito e para a do Soito; Bernardino Lucas Marques de Vale de Espinho.

Em 20 de Fevereiro de 2005, o Soito não votou para as eleições da Assembleia da Republica devido ao facto de estar há nove meses sem médico de família e como forma de protesto.

domingo, 7 de março de 2010

Cidadãos não do Soito que aqui vieram casar (1961-1975)

Casamentos celebrados no Soito de cidadãos aqui não nascidos. (1961-1975)

07-Set-61 Narciso Botelho Vaz (Alfaiates) com Luísa Santo Freire
30-Jun-63 Adriano Augusto Frias (Guarda) com Maria Dias Pereira
06-Out-63 Alberto José de Almeida (Resende) com Mariana Fogeiro dos Santos
01-Fev-64 José Amilcar Pereira Alfaiate (Nave) com Isabel Maria Gonçalves Fernandes
22-Ago-65 Pedro Inácio Carvalho (Mirandela) com Luísa Antunes Vaz
20-Mar-65 José Francisco Miguel (Guarda) com Isabel Augusta Gonçalves
11-Jun-65 Amadeu Dias Palinhos com Laurinda Candeias (Torre, Sabugal)
08-Out-65 João Francisco (Forno Telheiro, Celorico da Beira) com Maria Estrela Pereira Filipe
03-Fev-68 Francisco Soares (Meimoa) com Isabel Augusta Barbosa dos Santos
20-Abr-68 Carlos Alberto da Conceição (Oliveira do Hospital) com Isabel Augusta Ventura Pereira
21-Set-68 Ismael Neves da Conceição com Maria Emelda Correia (Pega)
12-Out-68 António Roque Carreira (A. Dos Negros, Óbidos) com Maria dos Santos Caria Ventura
03-Mai-69 José Miranda da Silva (Barcelos) com Mariana de Oliveira
21-Dez-69 Rui Manuel Fernandes Lourenço (Lisboa) com Mariana de Jesus Antunes Lousa
12-Abr-71 José Manuel Carreira (Vila Boa) com Ana Maria Manso Soares
02-Jun-71 Joaquim Miranda de Oliveira (Barcelos) com Maria Filomena de Oliveira
21-Ago-71 José Manuel Pereira Armenio com Maria Rosa Luís Nunes (Foios)
29-Ago-71 Domingos Lopes Fernandes com Maria da Graça Veiga Moreira (Figueira da Foz)
03-Jun-72 Ricardo Catarino Pires (Mação) com Ana Guilhermina Almeida Palinhos
20-Ago-72 José Gonçalves Rodrigues ( Ramela, Guarda) com Maria Gorete Soares Robalo
19-Ago-73 Armando André Quelha (Vilar Maior) com Maria Alexandrina Monteiro Fernandes
26-Ago-73 Fernando da Natividade Soares Mata de Lobos) com Isabel Maria Garrido Arménio
15-Set-73 António Manuel de Vale Pinto (Arruda dos Vinhos) com Maria do Céu Meirinho Carrilho Martins
30-Dez-73 Ernesto Rodrigues Ferreira (Afonsim, Vila P.de Aguiar) com Isabel Augusta Lavrador Carrilho
03-Ago-74 Elizeu Augusto Dias Mateus (Terrenho Trancoso) com Maria Garrido Fogeiro
29-Dez-74 Antero Queirós Capelo (Jarmelo) com Isabel Augusta Rito de Marcos
13-Abr-75 Victor Manuel Gouveia da Fonseca (Oliveira do Hospital) com Maria de Deus Pereira Filipe
27-Abr-75 José Joaquim Dias (Meda) com Etelvina da Conceição Dias Lopes
25-Ago-75 Fernando Santos Calva com Benedita Albertina Antunes Beites (Vale de Espinho)
20-Set-75 Serafim Augusto Almeida (Baraçal) com Maria Amélia Lopes das Neves
24-Jul-76 José Virgílio Duarte Neto (Ramela Guarda) com Maria da Ascenção Soares Lavrador
08-Ago-76 António Manuel Nabais Robalo (Quadrazais) com Isabel Maria de Oliveira Dias
31-Out-76 Alceu Gonçalves de Matos (Tondela) com Maria da Glória Conceição Gonçalves
16-Abr-77 Carlos Augusto Gonçalves Monteiro (Vilar Formoso) com Maria José Carvalho Rodrigues
25-Jul-77 Carlos Garcia Pereira com Januária Leite da Ponte (São Miguel, Açores)
06-Ago-77 António Manuel Cerca Garcia (Lagares,Oliveira do Hospital) com Isabel Augusta Nunes Garcia
17-Ago-77 Rui António Sanches Gonçalves (Vila Bôa) com Maria da Conceição Garrido da Calva
18-Ago-77 Joaquim Adónis Barata (Alcains) com Ana Maria Lousa Lavrador
27-Ago-77 Manuel Lopes da Silva (Pombal) com Ana Maria Martins Francisco
12-Ago-78 Francisco Fernandes dos Reis (Gabela, Angola) com Maria dos Anjos Sanches da Inês
26-Ago-78 Armindo Lourenço Rodrigues (Castelo Branco) com Isabel Maria Garrido da Calva
24-Dez-78 António Manuel Camilo (Felgar, Moncorvo) com Luísa Nabais Nicolau
06-Jan-79 Claudino dos Reis Fernandes (Duas Igrejas, Miranda do Douro) com Maria Amélia Nabais da Teresa
13-Jan-79 João Mendes Nunes Madeira (Penalva, Oliveira do Hospital) com Maria Rosa Gonçalves Oliveira
19-Ago-79 José Manuel Nabais com Ligia Helena Ambrósio da Inês (Cova da Piedade)
11-Nov-79 José Carlos Carrilho Rito com Maria Adelaide Carvalho Esteves (Aldeia da Ponte)
21-Dez-79 Carlos Alberto Nicolau Carrilho com Isabel Maria Fernandes Nabais (Aldeia Velha)
14-Abr-80 José Manuel de Paulo Francisco com Maria de Belem Brito Fernandes (Lousada)
16-Ago-80 Victor Manuel Nicolau Carrilho com Maria Alice Pires (Valongo, Sabugal)

Estão incluídos apenas os casamentos realizados no Soito, havendo muitos mais celebrados em outras freguesias, principalmente
quando à residencia das noivas que óbviamente preferem celebrar o acontecimento na sua própria terra
Contudo, nestes 49 casamentos há 11 que correspondem a noivas não nascidas no Soito.

Out-08

Vindos de fora que casaram no Soito (1900-1921)

Cidadãos casados no Soito, mas que nasceram em outros lugares (1900/1921) (1)


20-1-1900 António Bairras (Alfaiates) com Maria Isabel Martinho
14-5-1900 António Tavares (Foios) com Maria Lourenço Logrado
19-7-1900 António Joaquim (Nave) com Isabel Maria Nunes Ambrósio
02-10-1900 Domingos Gonçalves Ferreira (A.Velha) com Maria Isabel Antunes Lousa
25-10-1900 Bernardo Martins Gaião com Maria Teresa Nunes (Meimâo
02-8-1902 Paulino do Nascimento (Pousafoles) com Maria do Carmo Gonçalves
27-8-1902 Manuel Francisco (Rendo) com Isabel Gonçalves Filipe
30-8-1902 Joaquim Faustino com Maria Nabais Damião (Lisboa)
31-1-1903 Anacleto Reis Nabais (Quadrazais) com Maria dos Santos Prazeres Jesus Robalo
01-8-1903 José Augusto Vaz Fazenda (Aldeia do Bispo) com Isabel Maria Gonçalves
22-8-1903 Joaquim Amaral (Alfaiates) com Isabel Garcia
13-8-1904 José Viegas (Alfaiates) com Esperança Fernandes Russo
09-9-1905 Alvaro Augusto das Neves (Vila do Touro) com Benedita Martins da Josefa
21-8-1905 Manuel Ramos Calado (Quadrazais) com Maria dos Santos
11-5-1907 João Ambrósio (Aldeia Velha) com Benedita Nunes Emídio
17-8-1907 Domingos Lourenço (Alfaiates (com Isabel Ventura
31-8-1907 Manuel Joaquim Rodrigues (Salvador, Penamacor) com Maria Gonçalves Garrido
21-10-1908 Simão Palinhos (Rendo) com Isabel Maria Nunes Dias
26-11-1900 Francisco Augusto Palinhos (Rendo) com Isabel Augusta do Patroçínio
19-2-1909 Norberto Pereira (Rendo) com Maria Luísa Gonçalves Gaião
26-11-1909 Francisco Augusto Palinhos (Rendo) Isabel Augusta do Patrocínio
18-2-1911 Manuel Nunes Dias (Foios) com Mariana Carvalho
15-4-1912 António Fernandes (Cerdeira) com Mariana Luís Tolda
3-7-1912 João Dias Freixo com Maria Antónia Alves Caria (Alfaiates)
3-7-1912 Manuel Fernandes (Lisboa) com Lucinda Luís Tolda
7-8-1912 Raul Lopes (Meimão) com Maria Rita Lourenço da Inês
13-11-1912 Manuel Nunes Dias com Carlota Afonso (Foios)
24-11-1912 José Monteiro (Castelo Mendo) com Maria Máxima da Ascensão (Jarmelo)
27-9-1913 José Gonçalves (Penamacor) com Isabel Luís
21-1-1914 Manuel Ventura, viúvo de Alexandrina Nunes, com Aurelina Jorge (Praisal)
21-2-1914 João Ambrósio (Aldeia Velha) viúvo de Benedita Emídio, com Maria Nabais
09-9-1917 Lourenço Robalo com Maria Gonçalves (Pedrógão, Penamacor)
29-11-1917 José Martins Borrego (Águas, Penamacor) com Isabel Maria Martins Viegas
13-1-1919 Manuel Garcia Pereira com Maria José Martins (Alfaiates)
27-5-1919 António Capelo (Penamacor) com Loduvina Gregório
07-7-1919 Alfredo Pereira (Meimoa) Maria Augusta dos Santos Saraiva
06-9-1919 António Sanches Ambrósio (Aldeia Velha )com Teresa Nunes Emídio
30-10-1919 Manuel de Oliveira com Isabel Afonso (Foios)
12-1-1920 Duarte Pereira (Póvoa de Rio de Moinhos, Portalegre) com Maria Luísa Martins
17-1-1920 João Pereira Ferrador com Cândida Gonçalves Ferreira (Aldeia Velha)
21-8-1920 José dos Anjos (Alfaiates) com Natividade Pereira (Vila do Touro)
26-9-1920 Cândido Melro (Baraçal) com Maria Augusta dos Santos
27-11-1920 José Baptista Nunes (Vale de Espinho) com Isabel Martinho
27-11-1920 Francisco Garcia Pereira com Generosa Cid (Alfaiates)
15-1-1921 Manuel Melro (Baraçal) com Maria dos Prazeres Oliveira
05-2-1921 Jerónimo Augusto (Freineda) com Isabel Maria Gonçalves Filipe
06-4-1921 José Gomes de Carvalho com Maria Gomes (Aldeia Velha)
09-7-1921 José Augusto Correia com Maria do Carmo (Sabugal)
23-7-1921 José dos Anjos (Alfaiates) viúvo, com Isabel Alves Caria
23-7-1921 José Augusto Vaz Fortuna com Maria André Sanches (Aldeia Velha)
13-8-1921 Joaquim Nunes Alfaiate com Elisa Cardoso (Teixoso)
03-9-1921 Francisco Luís Carrolo (Vela) com Encarnação Dias (Luanda)
03-10-1921 Joaquim Filipe (S.Miguel d,Acha) com Isabel Augusta Gomes
05-11-1921 Joaquim Gonçalves (Castelo Novo) com Glória Lourenço Logrado
26-11-1921 José Pacheco (Vela) com Felismina Gonçalves Martelo