Alguns anos após a segunda grande guerra deu-se início ao êxodo de muitos dos jovens mais válidos do Soito, principalmente para o Brasil, Argentina e depois para Angola, Moçambique, França e outros países da Europa ou de outros Continentes
A miséria, em alguns casos extrema, que se vivia um pouco por todo o país, levou a que os nossos jovens abalassem em busca de melhor vida, já que aqui na terra onde nasceram, eram explorados e usados praticamente como escravos pelos proprietários mais abastados salvo raras excepções.
Como demonstração da exploração e usura então comuns posso dizer que aquando das sementeiras, por volta de Abril ou Maio, as dispensas dos pobres ficavam vazias sendo obrigados a pedir emprestados alguns produtos de primeira necessidade como centeio, feijão ou batata, operação que resultava em juros de mais de 200 por cento já que na hora da colheita, passados apenas 4 ou 5 meses, eram obrigados a devolver em dobro.
Também gravoso para os pobres era o facto de eles terem que trabalhar a terra e ficarem apenas com um terço, um quarto e até em certos casos um quinto da colheita o que os impossibilitava de viver condignamente.
Apesar destes costumes serem habituais e o facto de serem postos em prática pela maioria dos proprietários, também havia quem emprestasse por bondade e não exigisse mais do que o que havia emprestado, caso do “Ti Zé Agostinho “
Entre 1950 e 1960, o Brasil foi o destino de largas dezenas, mas pouco depois deu-se como que uma debandada a caminho da França, quase todos de forma ilegal já que era a única forma de se poder emigrar principalmente daqueles que se encontravam em idade próxima do serviço militar.
Foram muitos, aqueles que palmilharam todo o caminho a pé demorando semanas até transporem os Pirinéus e muitos também aqueles que caindo nas malhas da polícia passaram alguns dias atrás das grades.
Os nossos emigrantes foram bem aceites em França e noutros países europeus que começavam a sua reconstrução, porque esses países necessitavam de mão-de-obra ainda que não qualificada para que as obras se levantassem.
Só em França, neste momento, há mais filhos desta terra do aqui no berço onde nasceram, eles ou os seus pais, daí que, em quarenta anos, tenhamos perdido mais de setenta por cento da população activa.
Há Soitenses um pouco por todo o Mundo, onde já criaram os seus filhos e netos, muitos dos quais acabarão inevitavelmente por esquecer as suas raízes.
Não pretendo escrever a história do Soito, mas tão só dar a conhecer factos ignorados do seu passado e, transmitir a verdade que os arquivos empoeirados do tempo me emprestaram.
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