Minas de volfrâmio, arsénio e titânio
Durante a segunda guerra mundial, Portugal exportava para ambas as partes, grandes quantidades de minério, porém Salazar cedeu às pressões dos E.U.A. que em 28 de Fevereiro de 1944 pediu o embargo desse produto à Alemanha e da Grã-Bretanha em 24 de Março seguinte.
Em 24 de Maio também o Brasil pressiona Portugal nesse sentido e em 29 de Maio a Grã-Bretanha invoca a aliança Anglo-Lusa para o pedido de suspensão das exportações.
Em 1 de Junho, Salazar decide suspender as exportações e em 6 do mesmo mês informa o embaixador da Alemanha da decisão de suspender o fornecimento de minério a todos os beligerantes.
No dia 8 é divulgada uma nota oficiosa em que se dá conta da proibição de exportação de volfrâmio para todos os destinos.
É aqui que começa um dos grandes negócios para o Soito, para toda a região e para grande parte do país.
O contrabando de minério floresce a cada dia que passa e, primeiro, os homens às costas depois em velozes cavalos transportavam para Espanha o precioso metal que gerava riqueza para toda a população.
Vindo das Minas da Panasqueira, de Moncorvo ou de outras fontes, passaram por aqui milhares de toneladas.
Para evitar perseguições e terem provas de que a produção era local, proliferaram por esta região e nessa época, centenas de minas que mais não serviam do que de entreposto.
No Soito, embora não tanto como em outros povos, também houve algumas minas que os proprietários registavam na Câmara do Sabugal: em 4 de Dezembro de 1941, às onze horas, foi registada no sítio da Quinta da Maria Gandaia uma mina sob o número 182, de titânio, arsénio e outros minerais em nome de Francisco Viriato Lopes, outra, 183 nas Carvalheiras no mesmo dia e mesmo autor, outra, 184, no sítio da Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, freguesia de Aldeia Velha, também registada pela mesma pessoa, outra sob o número 185, também do mesmo, situada no limite de Aldeia Velha.
Com o número 188 em 9 de Dezembro do mesmo ano foi registada por José Martins Garcia, solteiro, de 29 anos de idade uma mina situada na Serra de Nossa Senhora dos Prazeres, outra com o número 189, pelo mesmo, no sítio dos Malhões em propriedade dos herdeiros de Maria Martins e outros.
Esta actividade durou cerca de 30 anos e trouxe ao Soito muito trabalho mas também algum desafogo financeiro proveniente das mais-valias dela resultantes e que a todos beneficiavam, directa ou indirectamente.
Não pretendo escrever a história do Soito, mas tão só dar a conhecer factos ignorados do seu passado e, transmitir a verdade que os arquivos empoeirados do tempo me emprestaram.
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