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quinta-feira, 18 de março de 2010

Dossier: Freguesias

Tenho lido com atenção os textos sobre cada uma das freguesias do concelho que o Cinco Quinas em boa hora quis dar a conhecer, pena é que alguns, a maioria, pequem por ausência de factos históricos que são fundamentais para um conhecimento mais aprofundado dos povos.
Porque entendo que face a outros, o texto sobre o Soito está incompleto, gostaria de dar a conhecer um pouco mais sobre o seu passado.
Em primeiro lugar e quando se fala da menoridade de alguns povos e a propósito dos forais dados ao Sabugal é importante saber que os privilégios por eles outorgados eram extensivos ao termo, logo a todas as povoações de que era composto e não só à sede de concelho.
A paróquia de Sancta Maria do Souto que só em finais do século XVII passaria a ter por Padroeira Nossa Senhora da Conceição, já em 1321 fazia parte da lista das Igrejas de Riba-Côa incluídas no Bispado de Ciudad Rodrigo e em 3 de Junho de 1359 é taxada em 10 libras pelos juízes exactores reunidos na Guarda.
Ao contrário da versão tida como verdadeira de que o Soito era no principio do século XVIII, um simples lugarejo com 36 moradores (um terço da população atribuída a alguns povos vizinhos) posso afirmar que por volta de 1700 foram feitos no Soito muito mais registos de baptismos do que em qualquer outro lugar à excepção de Quadrazais que se equiparava.
Em cinco anos; 1700/1704, realizaram-se 182 baptismos o que significa mais de 36 por ano, número desajustado aos dados atribuídos.
Segundo o Cadastro de 1527, o Soito era o principal lugar do termo com 160 moradores num total concelhio de 1.027.
Em 1640, em Memórias da Academia de Ciências, pode ver-se um mapa onde o Soito consta ao lado de Alfaiates, Castelo Bom, Castelo Melhor, Alijó, etc.
Também em 1758 o Soito com 220 fogos, só era ultrapassado pelo Sabugal que com duas freguesias, Santa Maria e São João, tinha 248 fogos, seguia-se Quadrazais com 190.
Em 1798 segundo o Censo de Pina Manique tinha 243, o Sabugal 264 e Quadrazais, com Ozendo, 293.
Em 1940 o Soito, como lugar, ocupava a quarta posição a nível distrital com 2.439 habitantes atrás da Sé da Guarda com 3.900, Vila Nova de Foscôa com 3.226 e São Vicente (Guarda) com 2.656, o Sabugal tinha 2.287 e Quadrazais 1.760.
Embora não haja património histórico que o ateste, podemos ler em Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas de A. De Almeida Fernandes, que o Soito (Sotto) já era uma Civitas Transcudani no século VII, de salientar que Sotto, era no século XVII Soutto, depois Souto e actualmente é mais conhecido como Soito.
Teve, segundo diz o Padre Hipólito Tavares, nas Memórias Paroquiais de 1758; “um forte muito antigo, mas no presente todo demolido” .
O Soito foi também a primeira povoação do concelho que não era nem foi sede de concelho, a ter criada uma Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, com capela própria que já no século XVII recebia os corpos de alguns irmãos que ali eram sepultados e tinha já em 1886 depósitos na Junta de Crédito Publico no valor de mais de 3.000.000 de reis e um vasto património legado pelo casal Baltazar da Costa, capitão de cavalos natural de Linhares e que casou no Soito com D. Leonor, filha do Capitão Tolda e que em resultado dos méritos de seu pai foi distinguida com o ábito de Cristo e cem mil reis de tença. Este casal viveu em finais do século XVII princípios do século XVIII

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