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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Situação geográfica

Situação e espaço geográfico

Situada no Planalto Central Raiano, a uma altitude média de 900 metros, na margem direita do rio Côa, do qual dista pouco mais de quatro quilómetros e aproximadamente uma dezena da sede de concelho, a vila do Soito era até há pouco tempo a maior aldeia do concelho do Sabugal a que pertence desde tempos imemoriais, hoje é uma vila das mais novas deste país já que a sua elevação a essa categoria ocorreu no dia 13 de Maio de 1999 por aprovação da Assembleia da República.
Com uma superfície um pouco superior a 30 quilómetros quadrados, (30,380) o Soito não é aquela pequena freguesia, em tamanho, que alguns conterrâneos admitem, o Soito é (entre 40) a nona maior freguesia do concelho logo depois do Casteleiro, Sortelha, Quadrazais, Vale de Espinho, Bendada, Aldeia da Ponte, Sabugal e Aldeia de Santo António.
Dentro do seu espaço geográfico caberiam duas freguesias como a Bismula e Águas Belas ou Lageosa e Aldeia do Bispo.
As fronteiras territoriais das freguesias estão delimitadas oficialmente e não podem ser alteradas, caso contrário o Soito seria hoje umas das três primeiras, já que alguns dos seus proprietários têm vindo a adquirir a congéneres seus de outros povos vizinhos, alguns prédios rústicos com os quais partilham extremas e que assim avolumariam significativamente a actual superfície da freguesia.
A maior mancha verde continua do concelho localiza-se no circulo Soito, Quadrazais, Vale de Espinho, Foios, Aldeia do Bispo, Aldeia Velha e Alfaiates, povoações que a rodeiam.
A Serra do Homem de Pedra, que se planta ao alto de sentinela a nascente da povoação, tem uma altitude de 1.135 metros, e é um dos locais mais altos do concelho donde se pode ter uma ampla visão das Serras que o circundam desde a Malcata à Estrela, passando pela Marofa e pela Gata e que só se esfuma no horizonte travada pela penumbra que o envolve nos dias menos claros.
A meio do declive e sensivelmente a Noroeste da Serra, está o Cabeço da Granja que dá ou recebeu o nome da ermida de Nossa Senhora dos Prazeres ou da Granja.
No seu território nascem três ribeiras que são como que as três veias principais: Ribeira da Granja que desliza da vertente da Serra rumo a Alfaiates e na qual ainda há poucos anos havia abundância de peixe, principalmente bordalos, bogas, etc., a Ribeira da Nave nascida nos terrenos das Alagoas em direcção à Nave, ambas correndo para Norte e o Ribeiro do Bispo que brotando no Cabeço da Vaca no sentido Noroeste, acorre à Murganheira, limite de Vila Boa correndo já a Poente.
Todas as ribeiras vão desaguar ao rio Côa.
As águas são abundantes e generosas, tornam férteis os seus vales, e apesar da seca que se verifica noutras regiões é raro verificarem-se situações de carência e as regas são executadas em tempo oportuno.
Porque a povoação está situada como que no sopé dos montes e porque a montante não existe qualquer outro povo, todas as nascentes têm origem nos terrenos da freguesia e o Soito não recebe água poluída por ninguém o que é um privilegio que devia ser mais aproveitado e rentabilizado.
Os seus terrenos, apesar do clima agreste, são férteis e de fácil amanho face à suavidade do declive e se o Soito tem hoje cerca de 100 tractores agrícolas com os quais os seus agricultores cultivam a terra, esse trabalho era, até meados dos anos sessenta, feito por centenas de juntas de vacas que lentamente, com a charrua ou o arado, desbravavam e sulcavam os campos desde o nascer ao pôr – do -Sol, dia a pós dia, ano após ano.
As searas, qual tapete ondulante a perder de vista, verdejantes na Primavera douradas no Verão, dão-nos a abundância do pão e ainda nos oferecem uma paisagem encantadora num deslumbramento de grandeza, que nós, distraídos, não sabemos contemplar nem apreciar devidamente.
Os extensos prados verdejantes e floridos na Primavera, são também uma riqueza acrescida onde os gados pastam mansamente ou quando se colhe o feno destinado à sua alimentação durante as épocas do gelo ou de neve que se prolongam por vários meses e dificultam ou põem mesmo em risco a sua sobrevivência.
Embora hoje as vinhas sejam quase inexistentes nos limites da freguesia, ainda há poucos anos elas ocupavam uma boa fatia do terreno, já que mais de uma dúzia de agricultores produziam centenas de milhares de litros de vinho quantidade suficiente para consumo interno e alguns anos até, quando a produção era excedentária, vendido para fora, à semelhança do que acontecia com o trigo, centeio, batata, castanha, feijão e outros artigos agrícolas.
A extinção das vinhas deveu-se em parte à falta de braços para o seu cultivo já que a emigração levou mais de metade dos nossos jovens reduzindo fortemente a oferta de mão-de-obra tão necessária a este tipo de cultura, mas também à verificação de alterações irregulares no clima, que tornou inviável e desinteressante, do ponto de vista económico, o prosseguimento da actividade neste sector produtivo.
Os castanheiros seculares e até alguns milenares, que há apenas três décadas vestiam a terra e imprimiam pela sua grandeza, uma paisagem ímpar, foram desaparecendo, deixando a descoberto grande parte dos terrenos.
As doenças que afectaram esta espécie e o abate intenso para madeira, nos anos setenta e oitenta, foram as causas primeiras que deram lugar ao quase desaparecimento da espécie, em apenas duas décadas desapareceram mais de 99,9% destas seculares árvores.
Frondosas e de grande porte, estas arvores foram em épocas não muito distantes, sobrevalorizadas graças ao valor do seu fruto que contribuía em grande parte para a alimentação deste povo, hoje podemos dar conta de um avanço significativo na reflorestação harmónica dos soutos, mas terão que decorrer varias décadas ou mesmo alguns séculos, até que a paisagem se assemelhe ao que foi e da qual ainda hoje muitos se lembram.

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