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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Evolução do Ensino

O Ensino


Quando foi criada no Soito, a cadeira das primeiras letras, por volta de 1830, não existiam as condições que hoje existem em termos de instalações para que alunos e professores pudessem utilizar um espaço condigno; uma qualquer loja improvisada servia para o efeito.
Só em 1845 a Câmara recebe o oficio número 73 da 2ª Repartição do Governo Civil datado de 26 de Outubro, onde, atendendo à Portaria do Concelho Superior de Instrução Pública de 13 de Outubro na qual “Sua Majestade a Rainha houve por bem ordenar que na Casa do Concelho da freguesia do Soito se façam alguns concertos; à abertura de uma janela e à limpeza de uma loja, conforme pedido do professor”.
A Câmara, só em sessão de 4 de Janeiro de 1846 dá seguimento ao processo e oficia à Junta da Paróquia para que “faça as referidas composturas que lhes serão levadas em conta”
Serviram de escola algumas casas particulares arrendadas pela Junta ou pela Câmara, entre elas há uma de João Martins Nicolau, outra de António José Nunes, a actual sede da Junta de Freguesia e a casa onde hoje reside o Sr. João Augusto Pina Rito.
O ensino oficial das primeiras letras nas aldeias, só aconteceu no século XIX, antes, só algum proprietário de mais posses tinha capacidade económica para mandar os filhos estudar para a escola da vila ou da cidade, outros aprenderam com os párocos das aldeias, obviamente as pessoas mais instruídas da época.
As escolas primárias foram criadas por Decreto de 6 de Novembro de 1772, no tempo do Marquês do Pombal, embora para o sexo feminino isso só viesse a acontecer em 1815.
Em 1844 foi decretado sob pena de sanções, que todos os pais deviam mandar os filhos à escola, obrigação a que no interior do país poucos davam cumprimento, o que resultava em povos quase analfabetos: basta recordar que em finais do século XIX era diminuto o número de alunos a exame de Instrução Primária no nosso concelho, pois em 1892 apenas foram aprovados 25 alunos entre eles 1 do Soito, 1 de Alfaiates, 1 de Quadrazais, 1 de Vila do Touro e 5 de Vale de Espinho… o que dá bem para perceber o desinteresse que os pais davam à instrução dos seus filhos ou da sua impossibilidade económica para o fazer.
Em 1866 o então concelho do Sabugal tinha 23 escolas entre as quais Castelo Mendo, Miuzela, Malhada Sorda, Nave de Haver, Freixo e Parada o que reduz esse número a 17 freguesias tendo em conta o actual limite do concelho e que eram as seguintes: Alfaiates, Aldeia da Ponte, Aldeia Velha, Bendada, Casteleiro, Lageosa, Nave, Pousafoles, Quadrazais, Sabugal, Santo Estêvão, Seixo do Côa, Soito, Sortelha, Vale de Espinho, Vila do Touro e Vilar Maior.
As escolas de Rendo e Aldeia do Bispo só aparecem em 1867
A criação da cadeira escolar das primeiras letras na freguesia do Soito terá sido criada por volta de 1830 e já em 1834 o Padre José Fernandes Sanches é citado como professor num assento de baptismo por ele realizado
Na sessão da Câmara de 17 de Março de 1835 é dada posse da Cadeira das primeiras letras do lugar do Soito ao Reverendo José Fernandes Sanches que se apresentou naquela, com uma provisão de professor das primeiras letras do lugar do Soito expedida pela Junta da Directoria Geral dos Estudos da Universidade de Coimbra em 18 de Fevereiro do mesmo ano.
O Soito, era à época a única povoação do concelho depois do Sabugal e para além de Vila do Touro há pouco incorporada, a ter “Mestre das primeiras letras” a quem a Câmara pagava 20.000 reis ao ano para além do que recebiam do cofre estatal.
Em 1837 o então concelho do Sabugal tinha três escolas pois contabiliza-se o pagamento de 12.500 reis, referentes ao semestre anterior, a cada um dos três Professores do Concelho: Sabugal, Soito e Touro, “entrando nesta importância alguns dias do ano anterior” a partir daí pagou 10.000 reis por semestre a cada um dos três professores até que no ano de 1852 aparece também a referencia ao professor da Lageosa e o pagamento de 20.000 reis a cada um.
Nas contas da Câmara de 1854 pode ler-se “… gratificação concedida a cinco Professores d’ Ensino Primário que há neste Concelho; nas freguesias de Sabugal, Souto, Lageosa, Nave e Touro, cujos Professores vencem anualmente 20.000 reis cada um, sendo o P.e António Carlos Bigotte em Sabugal, Manuel Fernandes Ruço no Souto, o Padre António R. Gouveia na Lageosa, Luís Cândido d’Araujo Guimarães na Nave e Luís António da Fonseca em Touro; cem mil reis.”
Tinha então o concelho apenas cinco professores, igual numero tinha o concelho de Vilar Maior onde já estava incluído o termo de Alfaiates, pois já são referidas as povoações de Alfaiates, Aldeia da Ponte, Malhada Sorda, Nave de Haver, Rebolosa, Aldeia da Ribeira, Bismula e Seixo do Côa como fazendo parte desse concelho.
Em 1839 (acta da sessão de Câmara de 6 de Janeiro) o concelho de Vilar Maior só tinha dois professores que seriam a própria Vila e de Alfaiates, já que este concelho foi integrado naquele por Decreto de 6 de Novembro de 1836.
Só em 1840 a Câmara de Vilar Maior pede a criação das cadeiras das primeiras letras de Aldeia da Ponte e Nave de Haver o que nos leva a concluir que ao juntar-se ao concelho do Sabugal em 1855 haveria escolas em Vilar Maior, Malhada Sorda, Alfaiates, Aldeia da Ponte e Nave de Haver, as cinco escolas que já em 1851 referia e cujos professores eram João António Ferreira, José Tavares Afonso, António de Oliveira Brandão, Paulino de Matos e João Manuel da Fonseca.
Por alvará Nº.1 de 3 de Julho de 1858 a Junta da Paróquia do Soito é autorizada “a vender uma propriedade que possui no Valle do Penago cujo produto se destina a concertos que têm que fazer-se nas casas das escolas d’Ensino Primário”
Em 8 de Agosto de 1865, um despacho do Ministro do Reino, Direcção Geral de Instrução Publica, nomeia para a cadeira do Ensino Primário do Souto e pelo período de três anos o Padre João Antunes, com o ordenado anual de noventa mil reis, pagos pelo Tesouro público e vinte mil reis pela Câmara Municipal respectiva e mais prerrogativas que doravante se acharem estabelecidas. Este despacho foi confirmado pelo Governo Civil em 19 do mesmo mês, tendo a Câmara conferido posse no dia 22. Este Professor deixaria o lugar em 8 de Maio de 1874.
De 9 a 20 de Maio, ocupa a cadeira de professor, Bernardo Robalo Nunes, do Soito, pois por despacho de 5 de Maio de 1874 o Ministro e Secretário de Estado dos negócios do Reino nomeia professor da cadeira do primeiro grau de instrução primária no Soito a José Pires Mendes, confirmado por sessão da Câmara de 20 do mesmo mês, porém, devido à transferência deste em 4 de Outubro do mesmo ano, é de novo nomeado interinamente para ocupar o seu lugar, Bernardo Robalo Nunes, conforme alvará do Reitor do Liceu Nacional da Guarda de 9 de Novembro de 1874 e inserido em acta da Câmara de 10 do mesmo mês.
Por portaria de 22 de Abril de 1875 é nomeado professor do ensino primário da freguesia do Soito, Luís Robalo Elvas o que a Câmara confirma em 12 de Maio, mas deixa de exercer o cargo em 31 de Agosto desse ano.
Em 7 de Outubro de 1875 o Administrador do Concelho do Sabugal, Albertino Carlos da Costa, nomeia de novo e para exercer interinamente o magistério da cadeira do ensino primário da freguesia do Soito, Bernardo Robalo Nunes que termina definitivamente em 23 de Novembro de 1876.
Por despacho de 14 de Outubro de 1876 da Direcção Geral de Instrução Pública, é nomeado professor da cadeira do 1º grau da escola desta freguesia, António José Nunes, do Soito, porém a posse foi julgada sem efeito em 12 de Dezembro do mesmo ano, que “deve considerar-se como regente da alludida cadeira, sem interrupção o professor nomeado interinamente Bernardo Robalo Nunes”, no entanto António José Nunes passaria a exercer e a vencer a partir de 23 de Outubro desse mesmo ano até que se reformou já no século XX, estando vivo ainda em 1926, já que a Junta de Freguesia lhe vendeu nesse ano, um pedaço de terra no cemitério com 2 metros quadrados por 400$00.
António José Nunes passou a professor vitalício por despacho de 26 de Novembro de 1879, o que é anotado pela Câmara em 13 de Dezembro do mesmo ano.
Bernardo Robalo Nunes foi delegado paroquial nas reuniões da Junta da qual pediu dispensa e que foi autorizada em 20 de Março de 1882 sendo substituído por José Martins Garcia Júnior reconduzido no cargo em 11 de Fevereiro de 1884.
Em 1880 apenas um estudante do Soito frequentava os estudos em Coimbra e tinha 20 anos, pois nascera a 19 de Junho de 1859 conforme registo da inspecção militar, chamava-se Bernardo e era filho de José Nunes do Gabriel e de Maria Garcia.
Em 1889 frequentavam as escolas; 85 alunos (38 rapazes e 47 meninas) num total concelhio de 1.561 em 32 escolas (24 masculinas e 8 femininas)

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