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sábado, 27 de fevereiro de 2010

O Soito, anexo da Nave?

O Soito, anexo da Nave?

O significado: anexa, não tinha no século XVII o significado que hoje se lhe atribui, pois segundo alguns historiadores, o termo anexa entendia-se como “uma freguesia de alguma sorte dependente de outra considerada como principal pela apresentação, rendimentos, etc. mas com administração espiritual separada” .
A 27 de Julho de 1656 era Cura deste lugar do Souto o Padre Domingos de Faria, o mesmo que em 25 de Março de 1659 concedeu licença ao Padre João Dias, da Nave, para celebrar um baptismo no Soito. (casos como este são frequentes, o que demonstra a independência e autoridade do pároco em relação aos outros, mesmo ao da Nave)

É verdade que a Igreja do Soito esteve durante alguns anos hierarquicamente dependente do Prior da Nave mas não como anexa no sentido actual do termo já que era freguesia e tinha os seus órgãos administrativos próprios; para além do pároco estavam constituídos os “juízes do povo” que já eram referidos em 1630.


Diz (1758) o Padre Hipólito Tavares que o parocho desta freguesia do Souto hé Cura annual da apresentação do Vigário da Nave do Sabugal, o que ao contrário do que muitos afirmam, não quer dizer que a freguesia do Soito dependesse da freguesia da Nave no aspecto administrativo, pois nenhuma freguesia pode pertencer a outra, mas sim à sede de concelho.
A verdade é que o pároco do Soito: um Cura, (nome em que se notava ainda a presença Castelha) responderia anualmente perante o Pároco da Nave, (Vigário) como respondeu posteriormente a outros que assinavam a abertura e o fecho dos livros de assentos dos baptizados, casamentos e óbitos, mas sempre indicando que pertencia ao Arciprestado do Sabugal ou ao distrito eclesiástico de Alfaiates: Em 1856 e até 1870 era o Arcipreste Manuel Marques da Cª. Galhano que em Vila Boa assinava e numerava todas as paginas dos livros de registo, não só do Soito mas também da Nave, (ver livro de assentos paroquiais da Nave datado de 2 de Janeiro de1863) e de outros povos.
Em 1 de Janeiro de 1874 foi o Arcipreste da Nave António Gomes Costa (que havia sido pároco no Soito entre 1838 e 1843) quem assinou o livro e igualmente em 31 de Dezembro de 1878 onde escreveu: “Este livro hade servir para no mesmo se lançarem os assentos de batismos occurridos no presente anno de 1879 na freguesia do Soito, Arciprestado do Sabugal o qual por commissão do Exmo Snr Vigário Geral do Bispado de Pinhel por mim vai ser numerado e rubricado com o nome a abreviatura que uso de AG-C. Leva no fim o competente termo de incerramento. Nave 31 de Dezembro de 1878. O Reitor Arcipreste António Gomes Costa”. Em 31 de Dezembro de 1883 era o Arcipreste Francisco Quelho de Vila Boa quem assinava os livros e pouco depois (1891-1912) era o reitor Bernardo Nunes natural do Soito mas a exercer na Nave.
Em 1914/1915 foi o Arcipreste Vital Augusto Lourenço de Almeida, de Rendo.
Entre 1916 e 1925 foi o Arcipreste José Gonçalves Leitão de Aldeia da Ponte.
Em 1926/27 volta a ser o Arcipreste Vital Lourenço de Almeida.
Em 1942/44 os livros estão assinados pelo padre Domingos Manso Pires do Rochoso
Entre 1944 e 1950 foi o Padre José Luís Antunes da Ruvina.
Em 1964 era ainda o pároco da Ruvina quem assinava a abertura e fecho dos livros de registo o que em 1982 era feito pelo Padre António Teixeira Souta do Sabugal sem que o Soito fosse anexo de qualquer destas povoações.
É contudo interessante saber, que na época em que o Cura do Soito dependia do Prior da Nave, o que parece ser confirmado pelo Padre do Soito, Thome Joam, em 30 de Janeiro de 1630 quando escreve: … o Reverendo Prior Monteiro de Távora, reytor da igreja da Nave e suas anexas de que esta igreja he uma dellas, eram também Curas da apresentação do Vigário da Nave os párocos de Foios, Lageosa da Raia, Ruivós, Ruvina, Vale de Espinho, Vale das Éguas e Vila Boa, povoações que como freguesias tinham administração independente e nas quais o reitor da Nave só podia celebrar sob licença do respectivo Cura.
Todos estes párocos pagavam ao Vigário da Nave, como representante do Vigário Geral e pelo simples facto de este assinar os livros de registo, uma renda anual em dinheiro, centeio, trigo ou vinho de que posteriormente daria contas ao Bispado conforme o número de registos feitos em cada lugar, cujo valor era mencionado em cada registo, principalmente nos dos óbitos.
Não encontramos, nas memórias paroquiais da época, qual o valor da contribuição do Soito, sabemos porém que em 1758 Ruivós pagava 68 alqueires de centeio, outros tantos de trigo e 600 reis, Vila Boa pagava 40.000 reis, Vale de Espinho 50 alqueires de trigo, 50 de centeio e 3.000 reis e os Foios 120 alqueires de centeio e 6.000 reis.
Efectivamente, em 3 de Janeiro de 1660 já o Padre Domingos de Faria refere Freguesia de Nossa Senhora da Conceiçam do Lugar do Souto Sima Côa.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, o Reytor da Nave padre Luís Tavares diz no item 6: “A parrochia Igreja Matriz está fora do lugar hum tiro de mosquete e nam comprehende mais lugares nem aldeãs que a ella sejam obrigadas, senam a referida Aldea das Donas”

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