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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Que lugarejo?

O lugarejo que o Soito não era
Existe documentação oficial que contraria o conceito de lugarejo que alguns vulgarizaram, atribuindo ao Soito em princípios do século XVIII apenas 36 fogos.
È fácil contestar esta versão através de documentos onde constam os assentos dos registos de baptismos das diversas freguesias que então compunham o concelho.
A média anual de baptismos nos primeiros anos do século XVIII foi de 36, ora tendo em conta que a percentagem de nascimentos rondava na época e até à década de 1940 os cerca de 15% sobre os fogos, teremos obrigatoriamente uma população de mais de 200 fogos.
Sabemos que em 1700 houve no Soito 31 baptismos: a 3 de Janeiro é baptizado João e a 17 Catherina.
No dia 14 de Fevereiro Catherina, a 22 Roza e a 28 Domingos.
Em Março: Isabel a 8 e Anna a 13.
Em Abril: Anna a 18, Domingos a 25.
Em Maio: Maria no dia 20 João a 22 e outra Maria a 22, Anna a 29 e Catherina a 30.
Em Junho: Manoel a 12.
Em Julho: Guiomar a 28.
Em Agosto: Catherina no dia 13, Maria a 19, Catherina e Anna a 20.
No primeiro de Setembro Manoel, a 16 Maria, a 22 Catherina e a 29 João.
Em 11 de Outubro Catherina e a 13 Francisco. Em 9 de Novembro Maria e Anna, a 11 Domingos, no dia 18 Francisco.
No dia 18 de Dezembro: Catherina.
Em 1701 formam ministrados 34 baptismos, em 1702 realizaram-se 44, em 1703: 27 e em 1704: 42, ora estes números não podiam ser produzidos apenas por 36 fogos e por outro lado são superiores aos registados noutros povos do concelho a quem o Padre António Carvalho da Costa atribuíra uma população varais vezes superior e de que daremos exemplos na alínea seguinte.
O número de casamentos realizados também contraria os dados do Padre Carvalho, pois só na década de 1681/1690 foram recebidos pelos Padres Domingos Mansso e António B. Azevedo 65 casais.
Ainda sobre este assunto refiro que já em 1623 foram registados 11 casamentos, o que pode ser verificado nos registos assinados pelo padre António da Fonseca. (mais adiante podemos ver um mapa de casamentos de 1623 a 1690).
Outra razão para descrer da informação do Padre Carvalho, ou de quem lhe forneceu os dados que publicou, é que no espaço de sete anos (desde 1685 até 1691) foram feitos no Soito 141 registos de óbitos, número que podemos considerar desproporcional em relação ao número de habitantes que lhe fora atribuído. Se morressem 20 pessoas por ano num grupo de 36 fogos a extinção desse povo seria inevitável.
Mais, quando se referem 36 fogos em 1708 essa informação peca ainda por erro anacrónico já que a Chorografia Portuguesa (volume 2) do Padre António Carvalho da Costa, recebeu autorização do Santo Oficio em 7 de Janeiro de 1707, do Ordinário em 26 e do Paço em 20 de Fevereiro. A última autorização para “correr” foi dada em 5 de Dezembro de 1708, logo, já teria sido escrita muito antes o que provavelmente antecipa em alguns anos a recolha dos dados referidos, portanto o erro promoveu-se e foi transmitido pelos historiadores seguintes que não se preocuparam em justificar dados, apenas os copiaram

Comparações relativas
Em Alfaiates e no mesmo ano de 1700, houve 16 baptismos, sendo que foi 1 em Janeiro, 1 em Fevereiro, 1 em Março, 1 em Abril, 3 em Junho, 3 em Agosto, 1 em Outubro, 1 em Novembro e 4 em Dezembro.
Em 1697, em Alfaiates realizaram-se 27 baptismos, em 1698: 28 e em 1707: 24.
Em Rendo, a quem o autor atrás citado atribui três vezes mais população, houve em 1699 apenas 18 baptismos, em 1700: 22, em 1701: 14 em 1708: 25 e em 1710: 10.
Também em Ruivós, a cuja freguesia são dados 100 moradores, houve em 1696 somente 6 baptizados, em 1697:10 e em 1698: 11.

Em Aldeia do Bispo nos anos de 1700 a 1702 (3anos) houve cerca de 20 baptismos, em Aldeia da Ponte e nos mesmos anos houve cerca de 100, em Aldeia Velha cerca de 30, em Vale de Espinho 25, em Quadrazais no ano de 1701, nos primeiros nove meses, (Janeiro a Setembro) por ilegibilidade dos restantes dados, foram realizados 31 baptismos e em Santa Maria do Castelo Sabugal entre 1700 e 1705 conta-se também um número próximo da centena de registos de baptismos.

Na Nave e porque não encontramos registos referentes aos anos atrás referidos, contámos 58 baptismos nos anos de 1690 a 1693 o que dá uma média anual aproximada a 15.
Ora se no Soito foram registados nos anos de 1700 a 1704 (cinco anos) 182 baptismos, (uma média superior a 36 por ano) o número mais elevado do concelho, que só eventualmente poderia ter sido equiparado ou superado por Quadrazais, como podemos acreditar nas informações que nos foram dadas e que tanto tempo mantiveram no engano os leitores de tais textos e que de boa fé as transmitiram aos outros que não sabiam ler?

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