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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Introdução

Nenhum livro é tão ruim que não possa ser útil sob algum aspecto.
(Plínio o velho)

Introdução

Esclarecimento

Ao aceitar o encargo de escrever algo sobre o Soito, estava bem ciente das responsabilidades com que iria arcar, sabia também que a falta de conhecimentos seria um entrave à feitura de uma tal obra, apenas aceitei o desafio mercê da vontade de divulgar e promover mais esta terra, que também é minha, e porque daí também receberia, talvez, uma qualquer mais-valia cultural, através do acesso a informações que até então, ou não me tinham interessado sobremaneira, ou que provavelmente de outra forma me estariam vedadas.
Não sou alheio ao facto de, estatisticamente, ser considerado analfabeto, pois com apenas a 4ª. Classe de Instrução Primária, é esse o estatuto a que os organismos, quer estatais quer privados, me remetem, daí que apele aos leitores para serem sensíveis aos erros próprios de um autodidacta que no dizer de Mário Quintela significa ignorante por conta própria, o que assumo sem protestar, embora, no meu entender, pense que a regra não é de todo absoluta, a tenha ignorado em todo este meu trabalho e entenda que o conhecimento não é um privilégio daqueles que entram para além das portas das Universidades.
Este tempo de pesquisa, durante o qual me pude debruçar sobre as janelas do passado, tive como poucos o privilégio de conhecer documentos inéditos acerca do Soito e da sua Misericórdia que me deram um prazer acrescido e uma sensação de orgulho pelo passado grande que o Soito tem vindo a viver há séculos incontáveis.
Escrever o passado de um povo não é exactamente o mesmo que escrever uns quaisquer artigos de opinião sobre um determinado tema onde o autor pode dar largas à sua imaginação e demonstrar o seu poder de criatividade literária; escrever acerca da história é relatar os factos que se viveram ou que por qualquer outro modo se teve conhecimento e contá-los aos leitores sem qualquer tipo de adulteração, logo uma responsabilidade pesada a que não me furto
Sei que quem escreve sobre o passado sem o viver, está sempre sujeito ou condicionado aos depoimentos alheios e apenas a partir destes pode construir uma história que se pretende seja fiel transmissora do acontecido, também sei, que ao invadir pela primeira vez esta área, não posso de maneira nenhuma fantasiar ou inserir lendas que possam adulterar ou desvirtuar um trabalho que se quer realista e responsável.
Assim e face à minha própria incapacidade de investigação, haverá porventura neste trabalho, lacunas por preencher e interrogações a que não poderei dar resposta, fiz o melhor que pude, num esforço e desejo de transmitir o mais do que esteve ao meu alcance, e mais não fiz porque mais saber não tinha, sempre convencido de que se as coisas têm o valor que têm conforme de onde vêm, este trabalho será pobre como pobre o saber do autor.
Não pretendo derrubar ideias ou conceitos tidos como credíveis, escrevendo a esmo, sem elementos documentados, nem tão pouco escrever a “história” do Soito por me julgar incapaz de uma tal tarefa, pretendo apenas dar o meu contributo e tão-somente relatar factos e situações, as possíveis, que ocorreram e dar uma visão aproximada, não só do passado mais recente ou remoto, mas também do tempo actual, e transmitir o que pessoalmente aceito como verdadeiro.




A verdade é que não se pode escrever sobre factos do passado sem acesso às fontes donde eles emanam e muito menos quando algumas dessas fontes dão o silêncio como resposta ao ser-lhe pedida informação que pode ser relevante, interessante e até essencial para o trabalho em questão.
Todos sabemos que a memória dos povos é curta, por isso se as memórias não forem impressas, correm o risco de se tornarem lendas, que, adulteradas a cada geração que passa, deixam de merecer qualquer crédito e apagam para sempre a verdade que se viveu.
A história é feita pelo povo que a vive, mas é aquele que a escreve, bem ou mal, o responsável pela sua transmissão ao futuro.
Devo ainda dizer que a história nunca estará completa enquanto houver alguém capaz de ir mais além na busca de um passado que por vezes teima em se manter ignorado, ou que, apesar de existente, permanece na obscuridade por desconhecimento ou desinteresse dos historiadores.
A história escreve-se e reinscreve-se a cada dia que passa
Os livros de história são, na sua esmagadora maioria, demasiado sintéticos e generalistas, dando relevância apenas àquilo que já tem alguma e omitindo muitas verdades ignotas que o povo viveu e escreveu com o seu sangue, assim, os povos, só sabem de si e do seu passado o que se escreve ou transmite, corresponda isso ou não à verdade.
Apesar de o Soito ter, durante a sua existência, filhos altamente colocados na vida académica, política e social, poucos houve que se dessem ao trabalho de investigar e desmistificar certos erros tidos como credíveis.
O Soito, como povo no seu todo, merece mais dos seus filhos do que aquilo que lhe têm dado e, não podemos argumentar sob pretexto algum, a falta de apoio que é notória por parte de muitos desses filhos, para nos abstermos de trabalhar em prol desta terra que é nossa, sim é nossa, porque o facto de eu aqui não ter nascido, em nada diminui o meu direito de ser Soitense e de amar esta terra, pese embora a opinião negativa de muitos que se dizem Soitenses mas não agem como tal, pois a cidadania não se adquire por simples nascimento involuntário que confira apenas direitos, ela acarreta também deveres a que nenhum cidadão se deve esquivar.
A maioria dos dados que a este livro dão vida, repousa algures dispersa por centenas de livros e de outras fontes, já inertes no eterno túmulo onde jazem, que me contaram muitas histórias do passado, seu ou alheio.
Como só através de datas, somos capazes de nos situar no tempo, tentei dentro do possível, datar os acontecimentos, já que história sem cronologia é história incompleta.
Dedico este trabalho a todos os Soitenses, de hoje e de todos os tempos bem como aos vindouros, para que saibam não só preservar a sua história, mas também promover o seu enriquecimento e engrandecimento.

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